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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

13
Nov07

Sócrates? Cavaco? Guterres? Barroso?

Rui Vasco Neto
Acho aquela gente desengonçada e triste, estúpida e brutal. Comem coisas estranhas e têm o mesmo calor humano do nevoeiro perpétuo em que nascem, vivem e morrem. Adivinho-lhes na pose empertigada o milagre de um cabo de vassoura enfiado cú acima, para manter a espinha direita em todas as situações. Bárbaros e sanguinários, arrogantes e prepotentes, os ingleses vivem com a rainha no palácio e o rei na barriga.

Olham o mundo por cima do ombro com o desdém dos tolos que se julgam o epicentro de todas as convulsões sociais e um exemplo de virtudes. Chacinaram meio mundo com a lâmina afiada da cagança britânica, a mesma que ainda hoje emporcalha até o futebol levando a bestialidade aos estádios. Foram vergonhosos em África, nojentos na Índia, falsos na Escócia e criminosos na Irlanda, em cujo conflito a sanha assassina dos súbditos de sua majestade cometeu mais erros que acertos, na soma das atitudes.

Não deixa por isso de ter a sua triste graça ver e ouvir estas recentes declarações do gabinete político do eurodeputado inglês Roger Knapman, segundo as quais Portugal tem uma justiça 'corrupta' e 'não tem uma verdadeira tradição de direitos civis, liberdades e democracia', 'não sendo por isso a Justiça fiável'. Sobretudo se pensarmos no famoso processo de Gerry Conlon e família, atirados inocentes para o sistema prisional inglês pela errada suspeita de pertencerem ao IRA.
Condenados injustamente em 1976, durante quinze longos anos viram as suas vidas, amizades, famílias e patrimónios destruídos, sofreram o horror de um processo de enxovalho público que ficou conhecido como 'Os quatro de Guilford', numa alusão ao local do atentado por cuja autoria foram acusados, e um deles, o velho e doente Giuseppe Conlon, morreu na cadeia e na desgraça de uma culpa que nunca teve.
Durante esses mesmos quinze anos, os responsáveis pelo encarceramento dos Conlon, policiais e políticos, ocultaram provas, mentiram em tribunal e fora dele, fizeram desaparecer testemunhas e conscientemente enganaram todo o sistema judicial e todo um país sedento de sangue, num dos mais vergonhosos e indecentes episódios legais da história recente. E agora, apenas trinta anos passados, com os protagonistas de Guilford ainda vivinhos da costa para ilustrar palavras como 'corrupção', 'estupidez', 'desonestidade' e 'arrogância', lá vem mais um perfeito exemplar da criminosa idiotia britânica dar lições ao mundo sobre decência judicial, direitos civis e democracia.

Não se desse a circunstância de ser Portugal um sítio mal frequentado por governantes medíocres e estadistas de pacotilha e outro galo cantaria na prosápia nacional. A mesma que se arroga de primeiro plano na fotografia do poder europeu, para mostrar à família, e depois curva humilde a cerviz perante o insulto gratuito, encolhendo-se resignada ao achincalhar do nosso passado e ao avacalhar do nosso presente enquanto povo e nação soberana. Sócrates, Cavaco, Soares, Guterres, Barroso, não há ninguém que seja alguém e mande este senhor à merda na resposta?

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