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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

04
Nov07

Ainda o domingo

Rui Vasco Neto
Hoje vim blogar para o café. Para a esplanada. É algo verdadeiramente fascinante, esta coisa de praticar uma actividade solitária bem no meio dos meus semelhantes. De auricular no ouvido, então, a ilusão da privacidade é completa, para um lado e para o outro. Mais um maluquinho ao computador, as pessoas acabam por esquecer a minha existência. E esticam-se nos sofás lá de casa, vestem robe e calçam chinela para a dominical conversa de família.

Com um par de horitas aqui, passou-me já de tudo pela clientela das mesas do lado. O dia abriu com uma sonora chapada num puto que queria à força um gelado e não queria perceber que já é Novembro. Já é Novembro dou-te uma, já é Novembro dou-te duas, já é Novembro e tomá lá que é para aprenderes. Isto à minha esquerda, que à minha direita a coisa não estava melhor. Não houve chapada mas houve lágrimas com fartura para compensar o tal Novembro em que não chove. Mesmo com a Feist no máximo do auricular, eu estou infelizmente em condições de garantir que o marido da senhora sofre de um problema de líbido e a senhora sofre com o problema do marido. Sei os pormenores de ontem, anteontem e de há pelo menos desde que mudaram para a casa nova, o que já foi há algum tempo uma vez que fizeram obras já três vezes e a mobília da sala foi toda mudada o ano passado. A boa notícia para o senhor é que fora de casa parece estar tudo ok com a líbido dele. Mas sessenta e três, sessenta e quatro por cento das lágrimas da senhora eram seguramente por causa disso mesmo.

Problemas com uma irmã também houve. Era um senhor já entradote, bem posto e engraxado, calça bem vincada e conversa atrasada de uma semana. Só vem aos domingos, este freguês, acabei por perceber. É de uma delicadeza extrema, a roçar a subserviência. Pede desculpa antes e depois de tudo o que diz e no geral todo ele pede desculpa por existir. Vive com a irmã, mais velha dois anos, viúva e sem filhos. Ela é que manda na casa e em tudo o que por lá mora, gente, móveis e plantas. E um gato. O senhor até gosta muito do gato, mas porque o bichano tem um problema de 'rins e intestinos' ele tem de ficar em casa todos os dias por causa da areia e do cheiro e também não vais fazer nada para a rua e para o café, diz 'a mana'. Por isso só ao domingo, quando a mana vai de visita a casa de uma amiga que também tem um gato que gosta muito de brincar com o gato da mana é que ele, José Inácio, pode ter o luxo de sete dias de vida: uma manhã inteirinha no café!

Tem sido um belo domingo, até aqui. Morno. Cheio de calor humano.

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