A ópera em Portugal - Um novo estilo, Alfredo Keil (VII)
Sete vidas mais uma: Daniel de Sá
Parte I : As origens da ópera
Parte II : Introdução da ópera em Portugal
Parte III : Primeiros tempos / o triunfo
Parte IV : Marcos Portugal: vida e obra
Parte V: Os IntérpretesParte VI : O Teatro de S.Carlos
Parte VII : Um novo estilo, Alfredo Keil
Augusto Machado (1845/1924), que Eça de Queirós retratou como o Cruzes em Os Maias, viria a acentuar esse distanciamento em relação à matriz italiana, vendo em Massenet uma espécie de guia artístico, mas contando um pouco como seus modelos também Gounod e Saint-Saëns. A propósito desta tendência não italianizante, disse dele Freitas Branco: “Parece ter considerado mais viável uma arte caracteristicamente portuguesa no domínio ligeiro.”
Alfredo Keil
O autor de A Portuguesa, um hino republicano que viria a ser proclamado como hino nacional, era um artista genial que, além de outros talentos, foi pintor de grande mérito. Nasceu em Lisboa em 3 de Julho de 1850 e estava destinado a uma carreira que o fez famoso não apenas em Portugal mas o projectou também no estrangeiro. Revelou as extraordinárias aptidões aos doze anos com Pensée Musicale.
Aos 17 anos fixou-se em Nuremberga, onde estudou desenho, na Academia dirigida por Kremling, e música com Kaulbach. De regresso a Portugal três anos depois, dedicou-se tanto à música como à pintura, recebendo, devido aos seus trabalhos como pintor, várias distinções (menção honrosa em Paris, medalha de ouro no Rio de Janeiro, condecoração com a Ordem de Carlos III, em Espanha, e com a Ordem de Cisto, em Portugal).
Estreou-se no Teatro da Trindade, em Lisboa, com a ópera cómica Susana, em 1883, à qual se seguiu (com outras composições pelo meio, como duas tocatas e um poema sinfónico) D. Branca, em 1888, cujo libreto foi extraído do poema de Almeida Garrett. Em 1893 foi cantada, no Teatro Régio de Turim, Irene, com tal êxito que o rei Humberto I o condecorou.
Mas a sua coroa de glória seria Serrana, estreada no Teatro de São Carlos em 13 de Março de 1899. Desta ópera se pode dizer que estamos finalmente perante uma obra inteiramente nacional, não apenas pela língua em que é cantada mas também por todas as suas outras características, caminho esse já começado a trilhar com D. Branca e Irene.