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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

30
Set08

Vão desculpar a pergunta, mas PJ quer dizer 'Pela Janela'?

Rui Vasco Neto

A Polícia Judiciária foi assaltada, o que já de si tem alguma graça. E não estamos a falar do hall de entrada ou de uma salinha de visitas qualquer, mas sim das instalações daquela polícia onde funciona a DCCB, supostamente os Pinkerton dos nossos detectives, os mísseis das nossas fisgas, a nata dos Dirty Harry cá da terra quando se fala de criminalidade violenta. Isso, convenhamos, já tem menos graça.

 

A mercearia lá do meu bairro também foi assaltada, levaram bolachas, champô e leite condensado, entre o que havia. Numa sapataria mais à frente os ladrões levaram sapatos, do café da esquina levaram tabaco e bolos e de uma obra em curso levaram as ferramentas todas de pedreiro que encontraram. Ora, corrijam-me por favor se eu estiver enganado, não me quer parecer que houvesse leite condensado na DCCB, tabaco também não (que o edifício é de não-fumadores e as forças policiais não vão ao casino como o Nunes e seguramente não desrespeitam a lei), shampô talvez mas sapatos também duvido, a não ser usados e odorosos. Assim, toda a questão se resume às ferramentas que possa ter levado este atrevido ladrão, sendo que dificilmente se encontrarão escopros e martelos na PJ, que é sabido trabalhar com ferramentas mais... sofisticadas, chamemos-lhe assim. O que nos traz de volta à questão primeira: que raio queria este maluco roubar da DCCB? Ou, mais e pior, quanto de quê conseguiu este maluco levar da DCCB, isso sim.

 

Pelo comunicado entretanto divulgado pela direcção nacional daquela força policial não ficamos a saber grande coisa, convenhamos. «O homem, um toxicodependente com 31 anos, entrou "furtivamente" no edifício da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), em Lisboa, na madrugada de sábado e por meio de escalamento, tendo roubado alguns objectos, que foram recuperados posteriormente», diz e acrescenta, em princípio sem ser por piada: «Não foi revelado o valor do assalto». Pronto. É tudo o que nos é dado saber por aqui. Tudo tudo também não, diz ainda o comunicado oficial que «na sequência do assalto, a Polícia Judiciária (PJ) determinou a abertura de um inquérito interno para "reavaliação de procedimentos de segurança e apuramento de eventuais responsabilidades disciplinares», o que nos descansa a todos, evidentemente. E acaba com a informação aparentemente mais importante para a PJ: «O suspeito conseguiu fugir mas acabou por ser detido. Depois de ser detido, foi presente a um primeiro interrogatório judicial e foi-lhe aplicada a medida de coacção de prisão preventiva.» E pronto, notícia encerrada.

 

Os senhores não me vão levar a mal, mas a mim sobram-me umas perguntinhas que, à falta de melhor sítio para as poisar, ficam por aqui mesmo. Por exemplo: não há ladrão que não queira sair da Judiciária, o que raio levou este em particular a querer entrar? E depois, entra-se assim sem espinhas, num local onde só há polícias e se faz a instrução de processos que levam à cadeia cidadãos, na maioria criminosos? E armas, havia por lá? E levou-as, este ladrão, ou só fanou o Toffee Crisp do inspector e a sandes de presunto do senhor agente que tinha saído, coitado, talvez para um xixi? E o senhor ministro Rui Pereira, aquele do elogio fácil à bravura, vai assobiar para o lado desta vez, a ver se a coisa passa, ou vai ceder à sua reconhecida compulsão de dizer coisas sobre 'uma das melhores polícias do mundo' e bacorar umas coisitas a propósito?

 

Só mais uma, vá lá, a última, eu prometo: esta história é uma piada, ou é Portugal que é de anedota?

 

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