Que nojo!
Qualquer médico que desmaie à vista de sangue tem um problema para resolver no seu dia-a-dia profissional, digo eu. O mesmo se pode dizer de um telefonista gago, de um taxista perneta ou talvez até mesmo de um advogado honesto, pese mais raro de aparecer. Pois quem lida com a informação diária tem igualmente as suas condicionantes, os seus quês operacionais, chamemos-lhe assim. São factores que cada um tem de vencer, contornar, ultrapassar, chamem-lhe o que quiserem, de acordo com cada circunstância. Sob pena de inquinar o produto final do seu trabalho.
Um estômago sensível, por exemplo, não ajuda grande coisa à profissão de jornalista, pelo menos no que toca à isenção que requer o tratamento noticioso que há que dar aos acontecimentos, antes de os reportar. Isto para já não falar no desgaste próprio, na sua sanidade pessoal, consequência primeira desse tipo de distúrbio gástrico. Daí que seja comum, desejável até, que um bom jornalista desenvolva um certo calo protector das suas emoções privadas, de modo a conseguir investigar os factos da notícia sem sujar os sapatos no seu próprio vómito. Porquê este aranzel? Pois os senhores que leiam isto que logo percebem. E toca a limpar os sapatinhos no final, seus amadores.