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Sete Vidas Como os gatos

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Sete Vidas Como os gatos

19
Mar09

O Espólio

Rui Vasco Neto

Extra, extra, read all about it!! O meu amigo Daniel de Sá estreou casa própria, novidade blogosférica. Chama-se O Espólio e tem desde logo uma bonita história associada ao seu nascimento. Podem read all about it neste texto de particular inspiração que o nosso Daniel escreveu com o pensamento no seu carinho maior (como poderia sair diferente de belo) e que eu lá fui buscar de noite porque sim e para mostrar aqui, à freguesia cá da casa. Extra, extra, read all about it. É Daniel de Sá que regressa ao 7Vidas para nos apresentar O Espólio, onde a partir de agora passa a poder ser encontrado e lido. Extra, extra, extra!!! Read all about it!!

 

Em baixo: 'O Espólio'

Sete vidas mais uma: Daniel de Sá

 

 

Um livro escreve-se palavra a palavra, linha a linha. No rascunho risca-se, apaga-se, experimenta-se o ritmo da frase, volta-se à palavra abandonada, troca-se-a por outra, indefinidas vezes, até que se encontre uma que pareça perfeita. Cada folha consente ser rasgada, usada de ambos os lados, rabiscada à toa enquanto se ensaiam as ideias. Um livro pode ter segunda edição, revista e aumentada.
 
A alma é feita de uma só folha. Que não tem verso, que nasce branca, imaculada, sem uma letra ou um rabisco. Escrever nela é como uma pintura a fresco, não pode errar-se. Não admite rasuras, que deixam marcas indeléveis. Não terá nunca uma segunda edição.
 
O Rodrigo nasceu assim, como todas as crianças. Ajudei a escrever-lhe na alma o roteiro da vida. Co-autor de uma obra em que Maria Alice, sua mãe, teve a responsabilidade do argumento principal. E em que muitos outros colaboraram. O resto da família, os amigos, a Sinfonia N.º 40 de Mozart, o primeiro livro, a música de Beethoven, os sapatos que “duraram 30 quilómetros”, o primeiro harmónio.
 
Por esse tempo escrevia eu O Espólio, uma novela breve. Punha sobre os joelhos umas capas grossas, que tinham dentro folhas daquelas que admitem tudo. Tinham sido antes cópias de actas das reuniões da Câmara ou das sessões da Assembleia Regional. Tinham sido qualquer outra coisa, com o verso em branco. E era aí que, enquanto a família via um programa de TV que eu espreitava de vez em quando, e ouvia, baixinho, o relato do futebol, ia escrevendo sem deixar de participar nos diálogos.
 
Tantos anos depois, o Rodrigo devolve-me o título como oferta de aniversário. Inesperada como é hábito desde que ele teve idade de festejar um ano mais de vida minha. E é assim, ou por estas e por outras, que ele se tornou também co-autor do que vai sendo escrito na minha alma. Porque a folha em branco com que nascemos não se esgota nunca.

 

(sacado daqui com a devida vénia)

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