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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

18
Nov11

É preciso é calma, já se sabe. E estudos, ajuda muito.

Rui Vasco Neto

Confirma-se: hoje é uma sexta feira dezoito e não treze, por isso atenção, não vale gritar azar às notícias do dia que não cola nesta circunstância e que também dificilmente colaria noutra circunstância qualquer, convenhamos. Assim, o grosso da informação que hoje resume a actualidade das escandaleiras várias que fazem o grande escândalo que somos por estes dias não é mais que Portugal a ser Portugal  -  essa sim, a nossa crise maior. Só que desta vez é um Portugal particularmente sofrido e magoado quem reage, um país zangado e dorido, troikado e mal pago, sedento de uma justiça popular que fosse passível de ser aplicada a eito e num estilo doa a quem doer' desde que num 'deles' e não apenas em mais um dos do costume. Estes alegadamente culpados que hoje vão a julgamento servem por isso muito bem para começar, na rua o que se ouve é já que este e aquele têm pinta de culpado e tudo, o que sempre ajuda, melhor ainda, mas se fossem outros também serviriam, teriam que servir que a gente já não aguenta mais tanto agravo sem resposta, tanta penalização sem culpa correspondente e ainda esta espécie de greve de lixo que sobra sempre para os de sempre, hoje como ontem, hoje como sempre. O facto é que Portugal está a rebentar de indignação debaixo da tampa, que tarda a saltar, felizmente. Felizmente? Bom, ter sido um dos 'eles' veio mesmo a calhar, a uns e a outros, cai que nem ginjas por cair com tamanho estrondo, o que já alivia parte da raiva de uns e sempre desvia um pouco o olhar posto fixo nos outros, com uma folga tão mínima que mal se dá pela sua existência no fragor da contenda. O que nos traz de regresso às notícias do dia.

Duarte Lima é hoje o Carlos Cruz de serviço para os lados da Gomes Freire e do Campus de Justiça, a ele ninguém tira o prime time da atenção nacional em todos os telejornais. Ninguém quer perder os pormenores mais gulosos, viste o carro da PJ? E a cara dele, viste? Então e a casa na Quinta do Lago, só aqueles portões, aquele jardim... Seis milhões de euros, ouvi eu, vê lá tu! É certo que ainda faltam falar o Cláudio Ramos e a Cinha Jardim, falta saber o que pensam a Maya, a Júlia e o Goucha, naturalmente, mas mesmo assim eu arrisco acreditar que o ex-deputado seja o culpado preferido dos portugueses, que juntam Rosalina e BPN no mesmo embrulho para não perder tempo com ninharias e ver a coisa resolvida. Mas hoje em Aveiro há mais, mais apelidos sonantes naqueles bancos de tribunal e ainda um brinde, promessa de melhor à espreita no fel da nação; pois que se é certo que José Penedo e Manuel Godinho serão as figuras do dia em tribunal, não é menos verdade que as escutas feitas a José Sócrates são simultâneamente cenoura de engodo e cereja de sobremesa, se calhar cair deste bolo repleto de fruta grada e suculenta, alguma podre para uns por isto, para outros por aquilo e para todos porque outros já nos foram ao bolso neste Natal deixando garantia de que váo passar a aparecer mais vezes e com factura em dobro  -  tudo regular, legal e habitual. Alguém tem que pagar por tanto sofrimento e tanto sacrifício. E quantos mais melhor, caramba, mais alivia. Zangados estamos todos, os que protestam e gritam e os que pagam e calam, por uma questão de educação, afinal há que ter maneiras, é preciso é calma, ou por pura cobardia, o que é preciso é calma, agora e sempre haja respeito. Eles é que mandam, a gente é mais para obedecer e comentar no café. E tudo passa, vão ver, tudo passará. No fundo cá se vai andando na graça de Deus, lá vai dando para o tabaco e para regar a salada, tudo se cria, melhores tempos virão. O que é preciso é calma, tudo se resolve.

 

Eu é que ando para aqui a pensar há uns tempos, mais ou menos desde a recente coelhada fatal, a dos passos da crise, aquela dos impostos e dos subsídios e das borlas laborais e da dignidade nacional... É mais ou menos daí para cá que se me instalou esta dúvida histórica para a qual a minha ignorância não tem resposta que me elucide de vez. Ora digam-me, no antigamente, no tempo do pau e espada ou antes ou depois, assim exactamente como é que começavam as revoluções? Quando é que o povo se atrevia ao 'não'? Quanto aguentava sofrer até explodir, no limite do limite dos seus limites? Quanto era preciso engolir e sofrer até o povo rebentar, já feito em pedaços? Quanto tempo, mais ou menos? Quanta humilhação, já agora? Ignorância, é o que eu digo, ou eu próprio saberia a resposta, quem sabe senti-la-ia até, já, na pele. Lá diz o outro, pendurado pelos suspensórios num armazém até ao Verão. Pois, se eu tivesse estudado...

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