Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

More than meets the eye

Sete Vidas Como os gatos

31
Out07

Up Yours, Mr. Parsons

Rui Vasco Neto
O embaixador português no Reino Unido, António Santana Carlos, entendeu sábado passado dar uma entrevista ao Times, onde se alongou em considerações pessoais sobre o caso Maddie McCann. Na linha das habituais tolices de uma longa lista de tolos especialistas sobre este assunto, o (pouco) diplomata português referiu a certa altura que em Portugal «as famílias vivem todas juntas», razão pela qual, sugere, alguns portugueses terão criticado os McCann por terem deixado os seus filhos sozinhos a dormir num apartamento enquanto jantavam num restaurante próximo.



Foi como deitar álcool ao fogo. E o suficiente para o «Daily Mirror» de segunda-feira sair com uma crónica, do jornalista Tony Parsons, com o sugestivo título "Oh, up yours, señor". Nela o senhor Parsons estica-se em comentários e observações de fino recorte, das quais retiro a essência. «Eles erraram, embaixador. As vidas deles foram destruídas. Isso é um castigo suficiente, sem os seus comentários estúpidos e desnecessários», escreve o articulista do Mirror, que ainda aconselha que no futuro Santana Carlos «mantenha fechada a boca estúpida e trituradora de sardinhas».


Aqui entre nós, eu cá acho que o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve ponderar seriamente a hipótese de oferecer ao embaixador Santana Carlos uma interessante progressão na carreira. E quem sabe espetar com o homem nas manhãs da televisão, ali ao lado de reconhecidos ícones da parvoíce lusitana como José Castelo Branco ou Cláudio Ramos, enfim. E aí sim, deixar o homem comentar o que lhe apetecesse. Em português e para Portugal, que assim os ingleses percebiam tanto como os chineses e a vergonha ficava aqui por casa, só para a gente. Isto é uma coisa. Um lado da questão.

Agora lá porque o pobre Carlos é incontinente verbal, coitado, isso a meu ver não é razão para deixar um merdas qualquer, inglês ou marroquino, desancar o meu Embaixador e ofender Portugal. Cada país terá os embaixadores que merece, é certo, tal como cada monarquia tem o tampax que merece na senda do trono. Só por piada os ingleses podem pretender julgar seja quem for. E nestas coisas eu cá sou mais eu, confesso, e salta-me o chinelo. Mesmo nascido lá nas ilhas sobe-me aquela varinice do bairro mais alto dos meus fados e grito daqui ao tal tónì: Up yours nada, meu amigo. É 'na peida' mesmo. E vem cá pedir sardinhas ao Algarve que a gente ensina-te outras mais giras.


RVN
31
Out07

Homens, meninos e maçãs

Rui Vasco Neto
Menino ainda, lembro-me de ter pensado pela primeira vez em 'homens que não tiveram tempo para ser meninos' quando descobri a frase, nos 'Esteiros' de Soeiro Pereira Gomes. As desventuras dos putos do tijolo, os desvarios com a Louca a ensinar-lhes a vida, o filho daquela que não deitava fora o Inverno. Lembro-me de achar duas coisas. Que não haveria maior desgraça que ser homem sem ser primeiro menino. E que bom que era aquilo só acontecer nos livros.

Mais tarde lembro-me de muito e sem ordem de chegada. Lembro-me das caras dos garotos que arrastavam os seus pais e professores pelas ruas, tosquiados, amarrados, espancados e de cartaz ao peito com insultos, para neles cuspirem e baterem na praça pública de uma China exultante no crime. Lembro-me do rosto do ódio dos Khmers no Cambodja, escassas dúzias de anos armadas até aos dentes que só se viam em gritos, nunca em sorrisos. Lembro-me dos mesmos rostos e do mesmo ódio mas em preto e branco, aqui e ali e ali e ali nessa África tão imensa em tamanho como em selvejaria e estupidez.


Lembro-me das expressões assustadas de uns gaiatos loiros de uniforme nazi, apanhados de armas e calças na mão nas derradeiras barricadas de Berlim e quantos fuzilados na hora, por tolice e imaturidade. E lembro-me do relatório da Human Rights Watch (HRW) que acusa o Exército de Myanmar de recrutar crianças à força para suprir a falta de soldados voluntários e a alta taxa de deserção no exército. Claro que me lembro, foi publicado hoje.

Crianças de até 10 anos que são arrancadas ás famílias, espancadas e ameaçadas de prisão e assim forçadas a entrar nas forças armadas de Myanmar através de recrutadores militares ou intermediários civis que recebem dinheiro do Exército por cada uma. Jo Becker, representante da HRW, disse hoje à BBC que o país «está literalmente comprando e vendendo crianças» para preencher as fileiras do Exército. «Os generais do governo toleram o ostensivo recrutamento de crianças e não punem os responsáveis. Nesse ambiente, recrutadores do Exército traficam crianças livremente».

Menino ainda, lembro-me de ter insistido em plantar um belo rebento de macieira, certa vez, num caminho que era pisado e calcado por toda a gente. Fui avisado e avisado, vezes sem conta. Insisti. Só deu merda. Não saiu uma única maçã de jeito.

RVN
31
Out07

A minha alegre celinha

Rui Vasco Neto
Ando doido por comprar uma casinha. Um têzerozinho, no Algueirão ou em Massamá, com kitch e net e vista para a rua. Ter casa própria é tudo. Eu já andava com esta ideia, mas a notícia de hoje da BBC News sobre o caso do senhor Graeme Alford fez-me decidir de uma vez por todas.

Graeme Alford, ex-alcoólico, passou vários anos na australiana Pentridge Prison, em Melbourne, condenado por roubo e desvio de fundos. Antes do seu encerramento em 1997, a Pentridge Prison era o mais célebre estabelecimento prisional do país, o local onde em 1967 teve lugar o último enforcamento ditado pela lei australiana. Agora, Graeme Alford comprou a sua antiga cela ao Estado Australiano e hoje mesmo vai receber as respectivas chaves, as mesmas que o mantiveram lá fechado durante o seu período de reclusão. De hoje em diante, entra e sai quando quiser. A cela é dele.

Graeme Alford foi libertado em 1980 e jurou nunca mais beber. Mas nas primeiras declarações que fez agora à imprensa, depois da concretização do negócio, confessou ser sua intenção fazer da velha cela um armazem de vinhos. «A grande ironia é que eu já não bebo. Isto é para puro investimento», garantiu.


Ando doido por comprar uma casinha. Um têzerozinho, no Algueirão ou em Massamá, com kitch e net e vista para a rua. E quero fazer um armazém de vinhos, também, para guardar as Teobar e Casal Garcia que já tenho em stock. Não há prisão como a nossa, essa é que é essa. Cela, doce cela.

RVN

31
Out07

Hoje eu sou espanhol.

Rui Vasco Neto
30
Out07

Soltem os prisioneiros!

Rui Vasco Neto
E mais um dia chegou ao fim. O sol deu a sua voltinha do costume cá pelo bairro e a lua já está na Praça da Concentração, pronta para inundar a noite da Sapucaí com a sua luz.
Por toda a parte a vida continua, igual a si própria na versão de cada um. Os velhinhos ficam mais velhinhos e os novinhos também. Os assim-assim não passam disso, é garantido. Os uns ficam mais limpos e macios. E os outros lavam a alma à mão, que não há crédito na Singer para uma máquina de lavar.


Separados pelo oceano, eu e o Jorge Bush pensamos na vida. Eu escrevo este texto e o Jorge, que governa o mundo, vai contemplar este mesmo sol poente com nostalgia, lá no rancho, daqui a umas horas. Eu penso muito no Jorge e em todos os Jorges e Osamas e Aníbais e Putines que há neste mundo de Deus. E rendo-me a um pensamento por eles neste final de dia feliz: 'Jamais retenhas um peido dentro de ti. Sobe-te pela coluna vertebral e aloja-se no cérebro. É assim que nascem as ideias de merda.'
Jorge, Osama, Putine, Aníbal, pessoal: soltem os prisioneiros!
Até amanhã.

RVN




30
Out07

Madeira. Funchal. Hoje.

Rui Vasco Neto
30
Out07

Doutor Flores

Rui Vasco Neto
O Dr. Moita Flores é cada vez mais uma referência do país que somos. O tal Portugal de todos nós. Ele foi polícia da Judiciária, canta e dança nos spots promocionais da RTP, apresenta-se como criminologista, promove encontros entre Pedro Namora e Carlos Cruz, é professor, tem uma empresa de segurança e investigação privadas, escreve telenovelas, é autarca em Santarém, explica no Correio da Manhã o que aconteceu a Maddie e quem tem razão na Casa Pia, escreve manifestos políticos sobre a vida interna do PSD e faz flores regulares nas televisões nacionais. È assim uma espécie de Dr.Fernando Negrão, mas com queda para a música.

Tem uma vida cheia, activa e interventiva, este nosso compatriota. Eu fico feliz. O país precisa de gente assim, dinâmica e opinativa. More than meets the eye, é frase deste blogue. Neste caso, que mais atrás da moita se acoita é a questão. Porque ser ou não ser, no caso do Dr. Moita Flores, está à vista.

RVN

Pág. 1/9

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Sete vidas mais uma: Pedro Bicudo

RTP, Açores

Sete vidas mais uma: Soledade Martinho Costa

Poema renascido

Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2008
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2007
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D