Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Os hospitais que discriminem doentes em função da entidade financiadora poderão ser, a partir de sexta-feira, punidos com coimas até 45 mil euros, segundo uma lei que dá mais poderes sancionatórios à Entidade Reguladora da Saúde (ERS). A discriminação de doentes passa a ser penalizada no âmbito da violação das regras de acesso aos cuidados de saúde, bem como a indução artificial da procura de cuidados de saúde, disse à Lusa o presidente da ERS, Álvaro Santos Almeida.
Recorde-se que a diferenciação dos utentes, consoante sejam particulares ou financiados por um sistema de saúde, já motivou várias deliberação da ERS este ano, devido a queixas de utentes do Serviço Nacional de Saúde e da ADSE.
Durante a gravação de uma entrevista para a televisão, o novo presidente dos EUA viu-se incomodado por uma mosca sem valor, dessas que pousam com a mesma alegria na careca de um doutor como num discurso do Dr.Jorge Sampaio, como diria António Aleixo que eu bem o li. Pois bem, com a entrevista a decorrer Barack Obama nem pestanejou. Mandou a mosca embora uma vez, duas vezes, a mosca foi e voltou, uma vez, duas vezes. E pronto, acabou-se, não houve terceira vez que o presidente não quis permitir. Terá ficado com a mosca de repente? Talvez, não sei, o facto é que Obama ignorou por um instante o seu entrevistador, fixou o olhar concentrado no voo daquele zzzzzzz e zzzzzzzzzás, não lhe perdoou o sopapo certeiro. Acertou na mouche.
Foi estalo e queda, de resto. A mosca caiu fulminada no tapete onde ficou, com aquele arzinho de mosca morta. E a televisão mostrou ao mundo a habilidade e rapidez de Mr. President, que por seu lado se limitou a perguntar, absolutamente impassível: «Onde é que nós íamos, mesmo?». Bom, eu cá pensei duas coisitas rápidas, quase em simultâneo. A saber? Fosse a pobre mosca o Osama Bin Laden e muito teria mudado hoje em todo o mundo com esta palmadita presidencial, primeira reflexão. A segunda é mais profunda ainda, uma espécie de aposta política ou algo parecido. Vá lá, pensem comigo, all together now. E digam-me se um homem que resolve desta forma as moscas não será o homem certo para acabar de vez com a merda que as atrai, também, sim ou não?
A notícia tem poucas horas, eu li-a há poucos minutos, pelo que esta nota sai a quente, aviso. O grupo farmacêutico suíço Novartis recusa distribuir gratuitamente a vacina contra o vírus da gripe A (H1N1) em países pobres, mas diz estar pronto para negociar um preço mais baixo, informou hoje o respectivo director-geral, Daniel Vasella. Disse ainda este senhor que para «tornar a produção viável, é preciso criar estímulos financeiros», isto de acordo com o site na Internet do diário económico Financial Times. Recorde-se que um número «significativo» de reservas da vacina contra a gripe foram já reservadas por 'mais de trinta governos', o que pode gerar problemas de abastecimento inclusive entre os países mais ricos, sublinhou Vasella, de olho no lucro que lhe pode dar o actual cenário mundial, pandemia para uns, oportunidade de mercado para outros.
Pois esta simpática predisposição de Daniel Vasella para negociar carradas de antiviral com um mundo que não dispõe de alternativa fez-me recordar «O Padrinho», esse grande negociador. E a sua peculiar proposta irrecusável, que metia cabeças de cavalo na cama ao acordar, entre outros mimos com armas e tacos de baseball. Então e não é que de repente eu dei por mim a entender a vertente negocial de D.Corleone e ainda a achar coisa pouca quando se dá o caso de ter pela frente um director geral de farmacêutica como este senhor Vasella? Será vocação, isto que me está a dar? Ainda tiro Gestão, por este caminho.
Num esforço comovente, para não dizer confrangedor, os responsáveis da candidatura socialista de Jovita Ladeira à Câmara de Vila Real de Santo António publicaram no seu jornal de campanha, O Forum, um texto subordinado ao tema 'uma análise à 'verdadeira essência dos nossos outdoors', uma lauda que merece ser lida e relida e que, estou certo, fará escola em todos os estabelecimentos de ensino de marketing político.
A abordagem em si é de chorar de emoção, para começar: «(..)o PS decidiu descodificar as mensagens inscritas nos outdoors de campanha da candidatura da deputada Jovita Ladeira e divulgar, junto da população, a essência do pensamento que esteve na origem da sua criação, começando por dar um claro sinal de transparência informativa e ideológica.(..)». Daqui para a frente só melhora, acreditem, é descodificação atrás de descodificação até à descodificação final: «(..)O fundo escolhido para os outdoors de Jovita Ladeira é de cor azul com nuances que pretende fazer transparecer uma ideia de movimento, iluminação e modernidade, para além da serenidade, verdade e fidelidade de sentimentos que a própria cor azul transporta.(..) Nada foi portanto deixado ao acaso, aparentemente tudo foi ponderado por estes especialistas de marketing que Obama deixou fugir para o Algarve: «(..)No que respeita ao slogan escolhido – Gosto desta Terra – é uma mensagem autêntica, exigência da própria candidata, pelos laços afectivos que mantêm com VRSA há muitos anos, onde cresceu e trabalhou, não sendo possível ficar indiferente às oportunidades perdidas de progresso e desenvolvimento(..)» Sem comentários, não há palavras, de facto.
Deste ponto em diante o assunto é coração, o coração de Jovita, claro, recrutado para a campanha por esta explicação técnico-filosófica: «(..)Para vincar bem esta relação afectiva foi desenhado um coração tricolor, sobre o slogan, símbolo de emoções, carinhos, dedicações e amores, pretendendo-se ainda deixar uma mensagem subliminar de que a candidata é uma pessoa de 'esquerda', zona onde se localiza o coração de todos(..)» Tudo dito sobre corações? Ainda não, ainda não: «(..)E se repararem com mais detalhe para o coração inscrito no outdoor da candidatura socialista podem observar que este se subdivide em três corações de cores distintas. Pois cada um deles representa o afecto que Jovita Ladeira nutre por cada uma das freguesias do concelho(..)» Bem, está então explicado. As palavras finais são tão boas como as iniciais, talvez um pouco mais de ir às lágrimas, pelo apelo directo que fazem a cada um de nós, em particular: «(..)Observem e vejam quanto há de genuinidade, de emoção, de compromisso e de expressiva vontade realizadora, deixando para um segundo plano a competência criativa que também é merecedora de ser sublinhada.(..)» Desisto, estou convencido.
E pronto, esta é a verdadeira essência da verdadeira essência da verdadeira essência dos outdoors do PS em VRSA. O chamado 'suco da barbatana'. Ora depois disto digam-me, por favor: não parece mesmo que alguém anda lá pela sede de candidatura da D.Jovita, de caçadeira na mão, a disparar contra os próprios pés? Ou será tudo ingenuidade e incompetência? Aguardam-se com ansiedade as próximas mensagens subliminares. É o universo da alta ciência política que chegou à cidade para entreter a populaça. Como fazia o circo, dantes.
Hoje estou de passagem aqui pelo 7Vidas, apenas, já que vou aproveitando estes feriados que cairam do céu e em circunstâncias que me escuso a explicar mas que vos garanto estarem a ser ... perfeitas, ou lá perto. De forma que o país vai ter que passar sem mim e sem a minha preciosa opinião nas próximas horas, é certo, mas não é caso para não vir aqui lembrar-vos que um dos bloggers-revelação dos últimos tempos (para mim e não só, convenhamos) completou ontem um aninho de vida com o seu 'O Afilhado', onde realizou uma festança de letras para a qual tive o supremo prazer de ser convidado, como poderão ler se fizerem a fineza de passar aqui. E já agora aqui, para ler Tomás Vasques, ou aqui para João Gonçalves, só para citar dois exemplos. Ou melhor, ainda: sigam o meu conselho e cliquem na homepage d'O Afilhado e depois vão descendo, é o melhor que fazem. Esqueçam os agradecimentos, fica por conta da casa. E parabéns ao Tiago Moreira Ramalho, claro.
Ontem pensei na tristeza que deve ser alguém não saber ler, na imensidade de informação de que essas pessoas ficam privadas à conta dessa insuficiência. Tudo isso porque de repente olhei para a televisão onde passava mais uma manifestação de gente exaltada, espumando e vociferando, de cabeça perdida e aos empurrões, punhos no ar, soltando gritos e ofensas, chamando ‘aldrabão’ e ‘mentiroso’ ao primeiro-ministro José Sócrates, a quem tratavam por tu e atiravam chapéus.
E eu fiquei ali a ver toda aquela rotina do insulto, aquela multidão descontrolada e em fúria, as expressões congestionadas de ódio, todo aquele vómito de raiva contida a custo e à força pela polícia, quando finalmente apareceu a bendita legenda a explicar que aqueles também eram polícias, estavam era a protestar na rua enquanto classe profissional. Foi quando eu me lembrei dos analfabetos, coitadinhos, que não podiam ler aquela legenda e assim ficavam para sempre a pensar que se tratava de mais uma manifestação de energúmenos capazes de destruir tudo à sua passagem e incendiar carros e partir montras e saquear cidades e agredir pessoas só porque estão com raiva e zangados com o governo. Porque normalmente os polícias são os outros, as forças da ordem, os do outro lado, é compreensível o equívoco. Mas a legenda ali estava para pôr tudo no seu lugar, os bons e os maus, explicando quem era quem naquelas imagens de desordem. Daí a minha angústia, esta minha preocupação com os analfabetos. Pois se eu próprio tive cá as minhas dificuldades em perceber a diferença, quem não leu não ficou a saber com toda a certeza.
18 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.