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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

30
Mai11

Já sei, já sei. E por isso já dei.

Rui Vasco Neto

Citando a minha filha, treze anos sábios, 'eu cá tenho estado afastada mas não estou desligada', diz ela e subscrevo eu. E de facto não, desligado eu não estou, juro, olhos e atenção não me faltam, fé e pachorra é que são cada vez mais escassas e quanto a isso temos pena, já dei. Já dei eu e já demos muitos e muito, demais, até. Mas pronto, lá tenho seguido a grande comédia dos debates pré-eleitorais e as faladuras de palanque, de olho no palhaço rico e no palhaço pobre, no tonto e no equilibrista, no compére que se enganou na revista mas também faz rir e em todos os outros artistas e animadores políticos deste grande circo em que descambou o Portugal moderno, arena montada onde quer que haja três ou quatro castiços, dez velhinhas e quinze velhinhos, vendedeiras, feirantes e outros como dantes que vão dando o de sempre: a côr, os abraços e os beijinhos á grande caravana do vota-em-mim que por estes dias vai correndo e sendo corrida país fora, na alternância democrática de vivas e vaias, obrigados e manguitos e ainda os 'fora-o-árbitro' dos que só lá estão para ber a bola e trazer o abental da praxe pelo mero prazer da borla de plástico. 

 

Mas há mais, vou também lendo as aventuras muito nacionais dos polícias que vão de cana por serem criminosos, dos magistrados que tiram de cana outros magistrados apanhados em flagrantes de 3,8 no mesmo balão que grita crime acima de 1,5, dos 62 mil euros gastos em relógios para ofertas de crise na PSP e dos miúdos que sovam outros miúdos com o ódio e raiva que aprendem nos graúdos, por exemplo. E mais ainda: trauteio a grande crise nacional a compasso das aventuras internacionais do lado putanheiro do poderoso presidente deste mesmo FMI que nos vem emprestar o molho para temperar o grosso naco de carne que lhes encherá a barriga quando finalmente nos deixarem, completamente de rastos e envergonhadamente sós, rosnando uns aos outros pela primazia no roer do magro osso que sobrar deste enorme favor que nos vieram fazer.

 

Pois. De facto desligado eu não estou, juro, olhos e atenção não me faltam. Fé e pachorra é que são cada vez mais escassas para aturar esta cambada de sanguessugas a quem ainda não vi nem ouvi o exemplo de abdicar de um tostão de seu em nome da tal crise que suga a cada um de nós um milhão do que é de todos. E eles falam e protestam, falam e prometem, falam e mentem, sorriem e gargalham, beijam e titilam a maria votante e o zé pagante, todos diferentes mas todos iguais na babuja da dinheirama fresca que está quase a chegar, em rota directa e sem escalas para os bolsos do costume e à conta dos otários do costume. Há diferenças, evidentemente: a esquerda apenas saliva, a direita só baba. E o povo faz a rosnadura costumeira e mostra os dentes, claro, mas não morde, paga. Paga sempre e como sempre: pagando e rindo. E quanto a isso temos pena, já sei. E por isso mesmo já dei.

 

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