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Abr08
O capacho da esquadra de Moscavide
Rui Vasco Neto
É francamente constrangedora, esta história do grupo de indivíduos que invadiu a esquadra de Moscavide para sovar um outro que lá se tinha acoitado exactamente para fugir dos seus perseguidores. Sem sucesso. O episódio não é fácil de comentar, convenhamos. Por onde começar? Pelo facto de mais parecer a Rotunda do Marquês, aquela esquadra que é ponto de passagem, entrada, mocada e saída para quem quiser, quando e como quiser? Ou antes pela ausência de agentes da PSP no único sítio onde era suposto encontrá-los sempre, a todas as horas?
Uma esquadra de polícia não é um café, jardim ou miradouro. Não se vai lá para conviver, conversar, ver os amigos ou muito menos bater-lhes, sendo que esta última hipótese está mesmo reservada aos profissionais da casa, que detêm o exclusivo da modalidade em qualquer esquadra do país e estrangeiro. Por isso, em princípio, ninguém lá vai sem ter algo de importante para tratar e resolver, ou então porque foi chamado e a tanto obrigado, quisesse ou não. Mas, aparentemente, também nesse particular os tempos são de mudança. Uma porta aberta e sem vigilância faz tanto sentido num posto policial como um capacho de boas vindas na entrada, a convidar à visita. Será que existe um tapete assim na esquadra de Moscavide? Já seria pelo menos uma explicação para o absurdo que por lá aconteceu.