28
Fev08
Aviso à navegação
Rui Vasco Neto
Ando avesso às palavras, escondido das ideias, arredio da escrita, fugido do teclado. Um autêntico clandestino dentro mim próprio, nesta deslumbrante e cansativa viagem que nem sequer programei. Mas onde vou e sigo, por escassez de opção, pronto, está bem, não se discute. Às vezes assim, como estou agora. Cansam-me os outros, quase tanto como eu me canso a mim próprio. Aborrecem-me as suas vidas, adormecem-me as suas histórias, irritam-me as suas raivas, entediam-me os seus dramas. Não me arrancam um esgar as suas graças, muito menos um sorriso, que é o que me faz falta. Estou anti-outros, quase carente de açaime para socializar com os que habitualmente me encantam com as suas fraquezas, as suas merdas, as suas humanices, enfim. Estou que nem posso, impróprio para consumo. Todas as reclamações pelo meu estado actual, bem como todas as reclamações pelos meus estados passados e (porque não, já agora?) por todos os meus estados futuros, reais ou imaginários, devem ser endereçadas a Deus, Céu, (código postal desconhecido), ao António Nunes da ASAE, ao Gabinete de Defesa do Consumidor, à minha mãe ou ao meu cão, aqui na terra. E muito obrigado a todos, naturalmente. Tenho dito.