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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

08
Mai08

Destaque? Mas quem é quer essa merda, afinal?

Rui Vasco Neto
Meio cheio, meio vazio. Duas maneiras de olhar a mesma realidade. Ou uma mesma realidade para dois olhares possíveis, take your pick. A verdade é que uma mesmíssima situação pode ter e tem, não só leituras diferentes, como resultados opostos de acordo com a óptica de cada um. Chega de blá blá, vamos ao concreto.

Os últimos tempos têm sido, para mim, de reflexão e estudo do fenómeno blogosférico. A mudança de endereço deste 7vidas, por um lado, e um miner abalo de sensibilidades com consequências prácticas numa das minhas casas favoritas, por outro, foram dois factores determinantes para um reforço de atenção da minha parte (algo tardio, aceito, mas mais vale tarde que jamé) para com este universo para onde, sem rede como o costume, me atirei de peito feito e rectaguarda desprotegida.

Só há 5 anos é que os blogues apareceram em força em Portugal. Sabemos como utilizá-los e para que servem, mas ainda não estamos imunizados contra a sua ilusão. Isso leva a que alguns imaginem vir a ser lidos por milhões, ou pela elite que influencia o gosto institucional, quando começam a escrever num blogue. A verdade pede água geladamente gelada na ambição: um blogue é lido por umas poucas dezenas de indivíduos, se correr muito bem. Em casos raros de popularidade, é lido por centenas. E será preciso algo de extraordinário para ser lido por milhares. 99,999% dos blogues não têm um único leitor para além dos autores. Os números que se apresentam relativos ao tráfego são isso mesmo: passagens. Mas passar não é ler, é partir.

Não senhor, as palavras não são minhas. Escreveu-as valupi, um dos autores do AspirinaB, num post recente. Mas que me parecem exactas qb, face ao que até aqui eu próprio já consegui apreender deste complexo fenómeno que é a blogosfera. O que nos leva então à tal recente mudança de endereço do 7vidas do Blogger para o Sapo e, de certa forma, ao cerne daquilo que motivou este post: a visibilidade de um blog. Prémio ou castigo?
Deixemo-nos de rodriguinhos: quem escreve quer leitores, diga lá o que disser. Ah, não, eu escrevo mas não quero que me leiam, não quero, não quero e não quero!! Desculpem lá, mas dá para acreditar? Claro que dá. Quem disse que toda a gente gosta de amarelo?

Desde que mudei para o Sapo, por força do destaque rotativo que os responsáveis do portal atribuem às novidades, os números do meu sitemieter dispararam como se durante três décadas tivessem andado a mandar Viagra para a veia e só agora a protuberância se notasse. De um dia para o outro, aquelas coluninhas amarelas e laranja deram um tal salto que eu próprio fiquei entre o verde e o roxo, entre o espanto e o pumcatrapum. Incrível, a força da publicidade, não é? Pois é. Mas já dizer que eu não dormi, que o meu mundo virou à esquerda, subiu e desceu três vezes e que agora já não passo cartão a qualquer um, isso talvez seja um nadita exagerado. Mas não vos escondo que me foi agradável a sensação, algo parecido com o passar de um programa nas madrugadas da rádio Coisa do Assobio para o primetime da Comercial ou Renascença. Conseguem imaginar alguém a não gostar de um up grade assim?

Pois não se esforcem mais, por favor, não se macem, vão para dentro. Há quem não goste, sim senhor, e mais: há quem vá mais longe e, na impossibilidade de recusar a honraria, a combata da forma mais radical de todas: terminando o próprio blog. Foi o caso do blog escolhido para destaque desta semana nos Destaques Sapo, rubrica que me habituei a acompanhar por força de dar uma explicação ao entumescimento surpreendente do grosso das minhas visitas. Pois o Mamããã, blog com um interessante grafismo e que autodefine o seu conteúdo como "Historietas e tretas em tom intimista, de uma mãe de três filhos: a Laura no coração, o Rafael e a Juliana nos braços" , um dos novos destaques da semana nos blogs sapo, entendeu passar-se com a distinção num primeiro post com o título sugestivo "Destaque?! Mas quem é que quer destaque?!!!!", a que se seguiu o não menos sugestivo "Time Out", que quis dizer exactamente isso: acabou-se. Pelo menos por enquanto, como deixa entrelinhado. Um exemplo acabado do ceguinho que, conduzido pelo prestável escuteiro de um passeio a outro da movimentada avenida, manda o rapaz à merda quando lá chega porque até nem queria atravessar. Acontece aos melhores.

Eu cá, devo dizer-vos, acho um encanto este jogo de empurra-torna-e-deixa que por aqui se joga em html, um xadrez em que os peões serão a auto-estima, a tristeza, o valor, a fraqueza, qualidade, insegurança, talento, vaidade, vergonha, conhecimento e/ou solidão de cada um. Onde as razões superam a razão e nada do que luz é oiro. Por isso não há que ficar espantado com nada, não há lugar a lógicas obtidas pela soma de x com y mais a raiz quadrada de z. Para quem queira, goste ou precise de blogar, por motivos que só a si dirão respeito, estou em crer que há apenas um caminho a seguir, que é afinal o de sempre para os esforçados, mais ou menos talentosos: dar, dar sempre, todos os dias e o melhor de que seja capaz, na esperança (ou não) que um dia alguém repare e faça acontecer alguma coisa de bom e justo com a descoberta. Mal comparado, trata-se de uma miragem parecida àquela que perseguem os que babam de inveja com o sucesso das modernas vedetas dos realitty shows de televisão, cujo topo de carreira será um dia serem famosos por serem famosos. Mal comparado, claro. Ou talvez não.

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