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Sete Vidas Como os gatos

28
Mai08

Os burros do costume

Rui Vasco Neto

Não, a ideia já não é inédita, longe disso. A notícia é que é de hoje, isso sim: 'Aumento dos combustíveis motiva protesto com burro', conta o JN. Aliás, se bem se recordam, nestas coisas de protestos, seja contra o aumento dos combustíveis, portagens, preços dos bens essenciais ou mesmo um barulho generalizado contra as políticas governamentais, o recurso aos burros está em vias de se tornar uma táctica relativamente comum. É verdade sim senhor. Talvez mesmo algo vulgarizada, até, por força do baixo custo deste tipo de protesto, normalmente disponível sem dificuldades de maior, bem como do impacto visual da imagem, sempre ao gosto dos meios de comunicação que não regateiam um maior destaque editorial sempre que há burros pelo meio para fotografar.

 

Talvez por isso esta nova polémica com burros, combustíveis, burros, protestos e burros me tenha feito recordar um algarvio castiço que, aqui há uns anos atrás, (no consulado Guterres, se não estou em erro) veio do algarve a Lisboa, montado no seu burro e acompanhado quase passo a passo pelas equipas de reportagem de tudo quanto era meio de comunicação social, numa cobertura em directo do grande acontecimento, tudo com a alegada intenção de ver o primeiro ministro que nesse dia, por acaso, estava exactamente ... no Algarve. Mas nem por isso o sr. João se atrapalhou, que os objectivos da viagem foram largamente alcançados com a publicidade conseguida pelo seu burro.

 

Só que hoje, mais de dez anos passados sobre essa iniciativa ao tempo original, o que nos é dado constatar não é brilhante, convenhamos. Governos passaram, políticas e políticos mudaram, uma nova geração de portugueses cresceu e dá hoje as cartas no grande jogo da sobrevivência diária deste país que somos. Mas a fotografia da nossa insatisfação, a grande imagem do protesto deste Portugal cansado de lutar pelos seus direitos, o retrato dessa enorme frustração de nós todos, esse não mudou passados todos estes anos, todos estes políticos e todos estes governos. Continuamos iguais a nós próprios, nesse particular. Na hora do protesto, na hora da verdade, é certo que só aparecem os mesmos, os de sempre, dizendo o mesmo, o de sempre, para acabar tudo na mesma, como sempre, protesto atrás de protesto, burro atrás de burro. Para mim não tem dúvida, nestas alturas: somos mesmo os burros do costume.

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