Até lá, nada a dizer.
Quanto mais leio as notícias menos me apetece escrever sobre elas. Tenho dito. E não fora este desabafo me sair tão natural que os meus dedos ter-se-iam por certo recusado a apalpar teclas a esta hora para vos dar o recado, por mais prazer que a coisa dê depois de feita. Sim, é quase como o sexo, que dizem chegar a um ponto da existência em que terá alturas cujo prazer não justifica o esforço dispendido para lá chegar, para não falar na posição, que pode ser bastante incómoda se nos concentrarmos na própria e não no propósito que deveria servir. Tudo isto dizem, claro. Mas mesmo assim continua inigualável como actividade lúdica e imbatível na relação preço/qualidade, digo eu. Não, não sai barato, a vida é que está muito cara, queria eu dizer.
Seja como for vinha só dizer-vos o que já disse, que nada tenho a dizer. E pronto, está dito. Escusam por isso de me vir falar da nova gaffe da doutora Manuela, de mais um ou dois banqueiros presos, árbitros comprados, meninos enrabados, conselheiros desaconselháveis ou doentes acabados à espera, que isso é apenas Portugal no dia-a-dia, meros detalhes de uma normalidade já comentada por baixo e por cima e pela direita e pela esquerda e por todos os lados, o a da asneira incluído e com natural destaque. Que esperam que eu diga, se a natureza humana pouco muda a marca que deixa em cada acontecimento a que se dedica? Comentar os pormenores repetindo o óbvio? Não, obrigado. Ando de birra com o disparate dos outros, explica em demasia o meu próprio, mesmo reduzido à escala. Não tenho nada a dizer e acabou-se. Por isso o deixo aqui dito e assinado, com validade para os próximos trinta minutos ou mais. Ou me provam bem provado que Cavaco Silva foi apanhado em flagrante tráfico de bolos secos e alcagoitas para o Afeganistão ou então não há conversa sobre esta triste actualidade que é a nossa, não sei que diga por isso não digo, nada, zero, zip, nestum. É esta a situação, lamento informar. E mesmo que o Presidente seja apanhado com a mão na alcagoita, por assim dizer, eu cá quero primeiro saber quem foi o agente infiltrado que o denunciou à Justiça. E só, mas só mesmo só e apenas depois de ficar provado que foi a D.Maria a operacional envolvida na detenção é que me arrancarão uma opiniãozita, talvez mesmo 'zona' nessa circunstância em particular. Porque por menos do que isso já disse, leiam lá atrás que ficou escrito. Não me arrancam um pio.