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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

29
Nov08

Só pode ser! Não há outra explicação.

Rui Vasco Neto

Desta vez Fernanda Câncio terá ido longe demais, extravasou. Só pode ser. Leiam esta sua crónica, 'O segredo dos jornalistas', hoje publicada no DN e digam-me se aqui não se aplica o tal direito à indignação que um dia o Dr.Mário Soares foi desencantar à fímbria de um qualquer subentendimento optimista da nossa Constituição. O caso é sério, diga-se.

 

Então não quer aquela jornalista fazer-nos acreditar que aquele episódio que nos relata aconteceu de facto, que aquilo é real quando só pode ser ficção? Vejamos, quero acreditar que a entidade que superintende a minha cédula profissional não pode fazer aquelas figuras, que a Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas significa outra realidade, que é suposto haver por ali vapores da noção do que é jornalismo, do que são jornalistas. Tratar-se-á por isso de um mal-entendido, seguramente. Ou então la Câncio terá extravasado, vulgo 'passou-se', enfim, também é uma hipótese, seja remota. Afinal, se "nestes oito anos de funcionamento da Comissão nunca um jornalista questionou o seu modo de funcionamento", porquê então começar agora e estar a incomodar os senhores com perguntas, para mais se é segredo e tudo? Enfim, também terá a sua lógica, dirão de lá alguns.

 

Pois bem, não fôra o caso de ter entrado em vigor há pouco mais de dois meses o novo estatuto disciplinar dos jornalistas, novas regras da classe, e eu cá tossicava e seguia, cofiando pontas e ronronando a minha perplexidade num suave Hum e nada mais. Seria tudo. Não me esticaria assim sobre esta impossibilidade prática, porque sim, d''o segredo dos jornalistas' narrar um episódio real que realmente mostre a realidade desta Comissão, se é que me faço cacoentender. Uma Comissão que agora dispõe de novas competências de foro disciplinar, que podem, em extremo, decretar a suspensão da actividade profissional de um jornalista até doze meses, recordo, já que falamos no assunto. Ora é por demais evidente que um organismo destes só pode ser transparente e pronto na resposta quando legitimamente questionado, mesmo se posto perante 'a perplexidade algo irritada da jornalista, que lhe lembra que a Comissão é um organismo público e que é normal um jornalista poder saber onde podem ser contactados os seus membros'.

 

Daí aquele meu alvitre inicial, fechando esta pescadinha de conversa: desta vez Fernanda Câncio terá ido longe demais, destemperou, destampou-se. Só pode ser visto assim. Ou digam-me os senhores, público em geral, jornalistas em particular: acham possível que tenha sido o contrário?

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