O possível, o provável e o evidente.
É possível que o Dr.Gouveia Barros, o senhor doutor juiz que recentemente mandou a pequena Alexandra para a russa que a pariu, seja até um profissional competente e mesmo uma pessoa de bem, em termos pessoais e humanos. Isso é possível, claro que sim, porque afinal tudo é possível. Tal como é também possível que aquele magistrado tenha avaliado o caso da pequena Alexandra sem considerar todas as implicações futuras da sua decisão na vida daquela criança, também isso é possível, claro que sim, porque afinal tudo é possível, certo?
As possibilidades são assim mesmo, imensas, inúmeras, incontáveis, porque afinal tudo é possível neste mundo onde as pessoas têm filhos porque fazem sexo, embora na maior parte das vezes até nem façam sexo para ter filhos, simplesmente acontece e pronto. Tal como depois acontecem estes dramas humanos a que asistimos como quem assiste à novela das oito e ao filme das nove, quase como se fosse a mesma coisa ou muito parecido. São assim mesmo as pessoas, confundem as coisas, é natural. Mas não deviam ser assim os juizes, já que têm treino e formação para distinguir o trigo do joio, supostamente, pelo menos. Este senhor doutor juiz também deve ter essa capacidade, é possível que a tenha, porque tudo é possível, claro. Mas uma coisa é certa, para lá do que é possível ou não: as imagens que o país teve oportunidade de ver da pequena Alexandra a levar umas palmadas porque se atreveu a dizer o que a russa que a pariu não queria ouvir são um sinal inequívoco daquilo que vai ser o futuro daquela criança, diga o senhor doutor juiz o que disser, hoje ou amanhã, sobre a sua decisão de ontem. Porque tudo é possível, é certo, menos os milagres, que continuam a ser improváveis. Para não dizer impossíveis, evidentemente.