Sol maior
A minha boa amiga Soledade Martinho Costa anda em festa lá por casa, no Sarrabal, que completa mais um ano de existência. A festança é das rijas, tipo casamento cigano, um dia começou e depois logo se vê quando é que acaba que aqui ninguém está com pressa, os convidados são de luxo, a anfitriã um doce e a mesa é farta de boa leitura, há que prolongar este prazer e saborear condignamente cada naco de letras. Hoje, por exemplo, é mais um bom dia para a visita, é Daniel de Sá quem faz as honras da conversa com um primor de recado, coisa de luvas. Ora espreitem: «Gosto do cheiro das letras. Entre a possibilidade do ecrã , e da página no livro ou no jornal, prefiro a página. Mas a maior parte da escrita que hoje se faz viaja no espaço virtual. Chega a dar a impressão de que se escreve no nada. Talvez por isso haja quem desça nos blogues à mais baixa condição da expressão humana. Sem respeitar valores éticos ou sentimentos morais.» Estão a ver?
Escritora notável com obra vasta publicada, mulher de rara sensibilidade e fino trato, a Sol está a ter a festa que merece e eu bato palmas, pois sei que foi com zelo de fada que a minha amiga preparou cada pormenor com que nos recebe. Teve ainda a gentileza de me convidar e eu tive o privilégio de poder deixar colaboração modesta, ainda o casório ia na igreja, por assim dizer. Melhores vieram depois de mim e continuam a chegar, como vêem, neste mês de aniversário. Vale sempre a pena a visita ao Sarrabal, mas esta quadra festiva é verdadeiramente imperdível. A gente vê-se por lá, fica combinado.