Modernices, canudos, campanhas
Acontece-me sempre nas campanhas eleitorais, será uma questão de feitio, concedo. De resto já nem discuto, isso ou seja lá o que fôr semitom no diapasão do correcto, tal é o cansaço, tamanho o desencanto. Na prática agrava-se-me a convicção (comum a muito tuga de norte a sul e ilhas, suspeito) que desta cambada toda pouco ou nada se aproveita, o que não está pôdre está tocado, que o mal é do cabaz. Será injusto e infeliz, talvez, mas que posso eu fazer? Afinal é cada vez mais escassa a prova do contrário, com o advento da comunicação o que conta no final é a imagem, a simpatia e aspecto contam mais do que a competência e bondade, os sorrisos substituem as convicções propriamente ditas com a maciez do encantamento audiovisual. E as boas intenções, todas as que não couberam no inferno, acabam por morrer na praia, esgotadas com tanta areia.
No fundo vai tudo na maneira de ver a vida e de dizer as coisas, é ou não é? É sabido que é bom político quem seja mestre em ajustar a verdade dos factos ao discurso e não o oposto, que nem sempre dá votos e antes os retira, muitas vezes. Assim se ganham eleições cá na terra, como noutras terras, estabelecendo a confusão no espírito deste eleitorado que depois de ver os tempos de antena, da esquerda à direita, fica sem saber se o país está tão mal que há jovens licenciadas que andam na prostituição ou se pelo contrário isto está tão bom que aqui até as putas têm um curso superior, neste país moderno que somos. Irra.