10 perguntas, 10 respostas, 10 amigos, 1 inquérito. Ou seja, mais um trinta e um que eu arranjei.
Do Pedro Correia (Delito de Opinião, Albergue Espanhol), blogger talentoso e de prática irrepreensível em termos de delicadeza e correcção, meu c'lega de profissão e amigo virtual, chega-me este desafio, a que respondo com gosto. Até porque detesto a pose snob e enjoada de alguns bloguistas que odeiam ser maçados com inquéritos deste género lá do alto das suas níveas torres de marfim, como diz o Pedro no seu post e eu subscrevo aqui, palavra por palavra. Para me poupar ao esforço de inventar? Nada disso, se há coisa que eu gosto é de inventar... A questão é que estas palavras podiam perfeitamente ser minhas, de tal forma dizem aquilo que eu penso. Já estas que se seguem são mesmo minhas, são as que fazem as tais dez respostas como era pedido. E que aqui ficam dadas com todo o prazer.
1. Existe um livro que relerias várias vezes?
Existem vários que já li e reli e de entre esses alguns que voltarei a ler e reler sempre, como 'Os Maias' do nosso sempre actual Eça, 'O Amor em tempos de cólera' e 'Cem anos de Solidão', ambos de Gabriel Garcia Marquez (e dois bons exemplos de releituras que faço como outros escolhem fazer vinte flexões ou o jogging matinal), 'O Processo' de Kafka e, fundamental, 'O Princepezinho' de St. Exupery. Com jeitinho arranjavam-se mais uns quantos, pois a releitura faz parte da leitura, para mim, acho até que inconscientemente já vou contando com ela no acto (frequente) de ler com sofreguidão e sem me deter para saborear... 'já cá volto', digo-me sempre. E volto, invariavelmente.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Oh, sim, para minha grande frustração foi (e é) o caso do 'Memorial do Convento'... e já desisti.
3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
Pois, a tentação do 'Livro do Desassossego' é grande... mas não, all things considered devo indicar a Bíblia como resposta mais próxima da minha verdade. Afinal, para mim nunca será demais ler o que diz para ver se finalmente encontro naquilo que não diz algumas das respostas que procuro há tanto, tanto tempo... Quer-me parecer que o resto da vida não seria tempo a mais para cumprir tal tarefa.
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Todos aqueles, incontáveis, que gostaria de ter lido mas que por algum motivo nunca consegui ler...
5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?
Huumm... deixa cá ver.... hum... talvez 'O Perfume', de Patrick Suskind, um final fantástico para Jean Baptiste Grenouille, a personagem central, que é partido aos bocados e comido por miseráveis sem-abrigo alucinados pelo efeito do perfume que ele próprio tinha criado e para esse momento colocado no seu corpo e nas suas roupas... Entre vários adjectivos possíveis, 'inesquecível' é seguramente uma boa escolha para um desfecho destes.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Ler era mais que um hábito, era pouco menos que a sobrevivência... Vejamos, tipo de leitura é uma abordagem difícil, em termos de preferências nunca tive um tipo de leitura como nunca tive um tipo de música, o gostar foi sempre tão ecléctico que nunca houve como empurrá-lo para dentro dos limites de um qualquer estereotipo para facilitar a resposta a esta e outras perguntas. Do Tio Patinhas à Enciclopédia da Mitologia Grega eu devorava tudo o que aparecesse, embora com algumas paixões fixas, claro, a saber: Lucky Luke, Asterix, Blake&Mortimer, Ric Hochet, Mafalda, Mandrake e Fantasma foram sempre os destaques na BD, depois tudo quanto era História (a do Egipto em particular, ah! os faraós...), a inevitável Enid Blyton dos Cinco e dos Sete mas também do Gordo e dos seus companheiros da colecção 'Mistério', tudo o que consegui apanhar de Erle Stanley Gardner/A.A.Fair, Rex Stout, Frank Gruber e Agatha Christie nos policiais, e muitos outros casos isolados mas marcantes por tantas razões como exemplos, como a trilogia Sexus/Plexus/Nexus e ainda o 'Trópico de Cancer' de Henry Miller, todos quatro de enfiada e na mesma altura, o inolvidável 'Tai Pan' de James Clavell (que já revisitei mais do que uma vez em adulto), Jack London e o seu 'Apelo da Selva', 'O Prémio' de Irving Wallace, tudo o que consegui apanhar de Pearl S. Buck e muitos, muitos outros.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Há vários, também, mas posso destacar o caso do 'Bobo' de Alexandre Herculano (sendo que alguns dos outros que eu citaria para este caso seriam também do mesmo autor...) Ah, sim, e um ou outro bocejo camiliano também, talvez.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Bem, alguns deles, quiçá alguns dos mais significativos, já estão referenciados na resposta à questão sobre a releitura, lá em cima... sendo que faltam bastantes e de 'tipos' bem diferentes, sei lá, Tom Sharpe é incontornável no humor com 'Wilt' a abrir a lista, 'O erro de Descartes' de António Damásio noutra categoria, naturalmente, os eternos Asterix e Lucky Luke ainda e sempre na BD (sim, pois, já sei: não cresci, certo?), 'Tia Júlia e o escrevedor' de Vargas Llosa, e mais uns quantos entre todos aqueles de que me vou lembrar logo a seguir a ter publicado estas respostas...
9. Que livro estás a ler?
'O Livro da Consciência', de António Damásio e nos intervalos 'Notícia de um sequestro' de Gabriel Garcia Marquez (em segunda ou terceira leitura, já não sei) para arejar as emoções e os sentimentos... :-))
10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.
Dez amigos, hein? Huumm..., vamos lá então e seja o que Deus quiser, seguem os nomes: o meu estimado barbeiro, Luis Novaes Tito, da 'Barbearia do Senhor Luís', o Samuel do Cantigueiro, o Shark do Charquinho, a Soledade Martinho Costa do Sarrabal, o Valupi do Aspirina B, o Carlos Enes do Fragmentos do Apocalipse, a Laura Ramos do Delito de Opinião, o Nuno Miguel Guedes do 31 da Armada, o Tomás Vasques do Hoje há Conquilhas e mestre Daniel de Sá, um ex-7Vidas agora no Espólio. Para todos segue este meu convite e um forte abraço de solidariedade blogosférica.