Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007
Up Yours, Mr. Parsons
Quarta-feira, 31 Out, 2007

O embaixador português no Reino Unido, António Santana Carlos, entendeu sábado passado dar uma entrevista ao Times, onde se alongou em considerações pessoais sobre o caso Maddie McCann. Na linha das habituais tolices de uma longa lista de tolos especialistas sobre este assunto, o (pouco) diplomata português referiu a certa altura que em Portugal «
as famílias vivem todas juntas», razão pela qual, sugere, alguns portugueses terão criticado os McCann por terem deixado os seus filhos sozinhos a dormir num apartamento enquanto jantavam num restaurante próximo.

Foi como deitar álcool ao fogo. E o suficiente para o «Daily Mirror» de segunda-feira sair com uma crónica, do jornalista Tony Parsons, com o sugestivo título "Oh, up yours, señor". Nela o senhor Parsons estica-se em comentários e observações de fino recorte, das quais retiro a essência. «Eles erraram, embaixador. As vidas deles foram destruídas. Isso é um castigo suficiente, sem os seus comentários estúpidos e desnecessários», escreve o articulista do Mirror, que ainda aconselha que no futuro Santana Carlos «mantenha fechada a boca estúpida e trituradora de sardinhas».

Aqui entre nós, eu cá acho que o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve ponderar seriamente a hipótese de oferecer ao embaixador Santana Carlos uma interessante progressão na carreira. E quem sabe espetar com o homem nas manhãs da televisão, ali ao lado de reconhecidos ícones da parvoíce lusitana como José Castelo Branco ou Cláudio Ramos, enfim. E aí sim, deixar o homem comentar o que lhe apetecesse. Em português e para Portugal, que assim os ingleses percebiam tanto como os chineses e a vergonha ficava aqui por casa, só para a gente. Isto é uma coisa. Um lado da questão.

Agora lá porque o pobre Carlos é incontinente verbal, coitado, isso a meu ver não é razão para deixar um merdas qualquer, inglês ou marroquino, desancar o meu Embaixador e ofender Portugal. Cada país terá os embaixadores que merece, é certo, tal como cada monarquia tem o tampax que merece na senda do trono. Só por piada os ingleses podem pretender julgar seja quem for. E nestas coisas eu cá sou mais eu, confesso, e salta-me o chinelo. Mesmo nascido lá nas ilhas sobe-me aquela varinice do bairro mais alto dos meus fados e grito daqui ao tal tónì: Up yours nada, meu amigo. É 'na peida' mesmo. E vem cá pedir sardinhas ao Algarve que a gente ensina-te outras mais giras.
RVN
Homens, meninos e maçãs
Quarta-feira, 31 Out, 2007

Menino ainda, lembro-me de ter pensado pela primeira vez em
'homens que não tiveram tempo para ser meninos' quando descobri a frase, nos '
Esteiros' de Soeiro Pereira Gomes. As desventuras dos putos do tijolo, os desvarios com a
Louca a ensinar-lhes a vida, o filho daquela que não deitava fora o Inverno. Lembro-me de achar duas coisas. Que não haveria maior desgraça que ser homem sem ser primeiro menino. E que bom que era aquilo só acontecer nos livros.

Mais tarde lembro-me de muito e sem ordem de chegada. Lembro-me das caras dos garotos que arrastavam os seus pais e professores pelas ruas, tosquiados, amarrados, espancados e de cartaz ao peito com insultos, para neles cuspirem e baterem na praça pública de uma China exultante no crime. Lembro-me do rosto do ódio dos Khmers no Cambodja, escassas dúzias de anos armadas até aos dentes que só se viam em gritos, nunca em sorrisos. Lembro-me dos mesmos rostos e do mesmo ódio mas em preto e branco, aqui e ali e ali e ali nessa África tão imensa em tamanho como em selvejaria e estupidez.

Lembro-me das expressões assustadas de uns gaiatos loiros de uniforme nazi, apanhados de armas e calças na mão nas derradeiras barricadas de Berlim e quantos fuzilados na hora, por tolice e imaturidade. E lembro-me do relatório da Human Rights Watch (HRW)
que acusa o Exército de Myanmar de recrutar crianças à força para suprir a falta de soldados voluntários e a alta taxa de deserção no exército. Claro que me lembro, foi publicado hoje.
Crianças de até 10 anos que são arrancadas ás famílias, espancadas e ameaçadas de prisão e assim forçadas a entrar nas forças armadas de Myanmar através de recrutadores militares ou intermediários civis que recebem dinheiro do Exército por cada uma. Jo Becker, representante da HRW, disse hoje à BBC que o país «está literalmente comprando e vendendo crianças» para preencher as fileiras do Exército. «Os generais do governo toleram o ostensivo recrutamento de crianças e não punem os responsáveis. Nesse ambiente, recrutadores do Exército traficam crianças livremente».

Menino ainda, lembro-me de ter insistido em plantar um belo rebento de macieira, certa vez, num caminho que era pisado e calcado por toda a gente. Fui avisado e avisado, vezes sem conta. Insisti. Só deu merda. Não saiu uma única maçã de jeito.
RVN
Bem me parecia que andavam a meter muita...
Quarta-feira, 31 Out, 2007
(JN,31Out)
A minha alegre celinha
Quarta-feira, 31 Out, 2007

Ando doido por comprar uma casinha. Um têzerozinho, no Algueirão ou em Massamá, com kitch e net e vista para a rua. Ter casa própria é tudo. Eu já andava com esta ideia, mas a notícia de hoje
da BBC News sobre o caso do senhor Graeme Alford fez-me decidir de uma vez por todas.
Graeme Alford, ex-alcoólico, passou vários anos na australiana Pentridge Prison, em Melbourne, condenado por roubo e desvio de fundos. Antes do seu encerramento em 1997, a Pentridge Prison era o mais célebre estabelecimento prisional do país, o local onde em 1967 teve lugar o último enforcamento ditado pela lei australiana. Agora, Graeme Alford comprou a sua antiga cela ao Estado Australiano e hoje mesmo vai receber as respectivas chaves, as mesmas que o mantiveram lá fechado durante o seu período de reclusão. De hoje em diante, entra e sai quando quiser. A cela é dele.
Graeme Alford foi libertado em 1980 e jurou nunca mais beber. Mas nas primeiras declarações que fez agora à imprensa, depois da concretização do negócio, confessou ser sua intenção fazer da velha cela um armazem de vinhos. «A grande ironia é que eu já não bebo. Isto é para puro investimento», garantiu.
Ando doido por comprar uma casinha. Um têzerozinho, no Algueirão ou em Massamá, com kitch e net e vista para a rua. E quero fazer um armazém de vinhos, também, para guardar as Teobar e Casal Garcia que já tenho em stock. Não há prisão como a nossa, essa é que é essa. Cela, doce cela.
RVN
Hoje eu sou espanhol.
Quarta-feira, 31 Out, 2007
Mas como? Porquê? E até quando?
Quarta-feira, 31 Out, 2007
(Lusa,31 Out) «O Dia Mundial da Poupança é motivo para reflectir. Na dificuldade que muitos portugueses enfrentam para conseguir amealhar algum dinheiro».
Talvez se oferecerem mais qualquer coisita...
Quarta-feira, 31 Out, 2007
Terça-feira, 30 de Outubro de 2007
Soltem os prisioneiros!
Terça-feira, 30 Out, 2007

E mais um dia chegou ao fim. O sol deu a sua voltinha do costume cá pelo bairro e a lua já está na Praça da Concentração, pronta para inundar a noite da Sapucaí com a sua luz.
Por toda a parte a vida continua, igual a si própria na versão de cada um. Os velhinhos ficam mais velhinhos e os novinhos também. Os assim-assim não passam disso, é garantido. Os uns ficam mais limpos e macios. E os outros lavam a alma à mão, que não há crédito na Singer para uma máquina de lavar.

Separados pelo oceano, eu e o Jorge Bush pensamos na vida. Eu escrevo este texto e o Jorge, que governa o mundo, vai contemplar este mesmo sol poente com nostalgia, lá no rancho, daqui a umas horas. Eu penso muito no Jorge e em todos os Jorges e Osamas e Aníbais e Putines que há neste mundo de Deus. E rendo-me a um pensamento por eles neste final de dia feliz: '
Jamais retenhas um peido dentro de ti. Sobe-te pela coluna vertebral e aloja-se no cérebro. É assim que nascem as ideias de merda.'Jorge, Osama, Putine, Aníbal, pessoal: soltem os prisioneiros!
Até amanhã.
RVN
Madeira. Funchal. Hoje.
Terça-feira, 30 Out, 2007
('Tribuna da Madeira',30Out, 16:06h)
Doutor Flores
Terça-feira, 30 Out, 2007

O Dr. Moita Flores é cada vez mais uma referência do país que somos. O tal Portugal de todos nós. Ele foi polícia da Judiciária, canta e dança nos spots promocionais da RTP, apresenta-se como criminologista, promove encontros entre Pedro Namora e Carlos Cruz, é professor, tem uma empresa de segurança e investigação privadas, escreve telenovelas, é autarca em Santarém, explica no Correio da Manhã o que aconteceu a Maddie e quem tem razão na Casa Pia,
escreve manifestos políticos sobre a vida interna do PSD e faz flores regulares nas televisões nacionais. È assim uma espécie de Dr.Fernando Negrão, mas com queda para a música.
Tem uma vida cheia, activa e interventiva, este nosso compatriota. Eu fico feliz. O país precisa de gente assim, dinâmica e opinativa. More than meets the eye, é frase deste blogue. Neste caso, que mais atrás da moita se acoita é a questão. Porque ser ou não ser, no caso do Dr. Moita Flores, está à vista.
RVN
Vidas Borralheiras
Terça-feira, 30 Out, 2007

Para a grande maioria das pessoas são os rituais que fazem a vida. Dia após dia fazem-se as mesmas coisas, repetem-se gestos e hábitos até já mal se distinguirem uns dos outros. E a vida vai passando, melhor, pior, mas igual na essência. É assim na cidade e no campo, na capital e na aldeia. Depois há é rituais e rituais, mas isso é outra conversa. A escolha já passa a depender das opções disponíveis, do dinheiro, da vontade e do gosto de cada um. E da cultura, acima de tudo da cultura. De todos, do indivíduo e do meio onde vive.
No que toca a beber, viver na aldeia não é muito diferente de viver em Madrid ou Estocolmo. Quem se embebeda por ritual vive no balcão onde se enfrasca e em mais lado nenhum. Se e como chega a casa depois é outra questão. O verdadeiro assunto não é bem onde bebe quem, mas sim quem bebe onde. Nos fundos do tal país real das campanhas eleitorais, de norte a sul, as noites de verão e de inverno são passadas entre copos e amigos e nem sempre ao mesmo tempo. O álcool é hábito e é problema em Portugal, todos os dias e todas as noites. Não para toda a gente, claro. Mas para gente a mais e com valorização a menos por parte de um Estado que semicerra os olhos num esgar maroto de quem acha que é tudo tradição e convívio. Em contrapartida, a cultura é já mais problema do que hábito para o povo deste mesmo Estado que nisso tem os olhos mais que abertos. Está é a olhar demasiado para cima e pouco para baixo.
De sábado para domingo passado, numa noite igual a todas as outras em Borralheira de Orjais, Covilhã, uma meia dúzia de homens esteve a beber, a rir e a contar estórias antigas, daquelas que se contam mil vezes para rir sempre, assim não falte o copo de tinto para molhar a palavra. Um deles ocupava o honroso cargo de bombo da festa por tradição privada do grupo. Embora fosse sistematicamente abusado pelos outros, nunca tinha acontecido nada, jura o povo.

E de facto ele continuava vivo no sábado, quando entrou para os copos do costume. Nessa noite a malta bebeu e bebeu e fartou-se de rir, pá, foi porreiro. Quando o dia raiou a malta já tinha ido toda para casa. O café ficou fechado, as paredes ficaram mijadas, trinta garrafas ficaram no chão e o Zé Inácio ficou com uma perna atada ao pneu de um carro e pendurado por um braço ao placard da Junta de Freguesia onde se anunciam as mortes da aldeia e os editais, pá. De manhã estava morto, afogado em álcool, que o gajo era asmático. É pá, foi uma ganda noite.
RVN
Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007
Your ass is mine!
Segunda-feira, 29 Out, 2007
(TVI, 29Out)
Arnold Schwarzenegger. Governador da Califórnia
Uma questão de imagem
Segunda-feira, 29 Out, 2007

Há imagens terríveis. Fotos, filmes, quadros, desenhos, imagens. Dispensam as palavras para contar as suas histórias. Registam a memória, imóvel no tempo que já passou. E num qualquer outro tempo, tempos e tempos passados, exibem a mesma história mesmo quando a História já a quis mudar. Estaline mandava retocar as fotos de grupo, sempre e de cada vez que mandava retocar uns amigos. Já Hitler queria a sua verdade intocável para sempre e fazia questão absoluta de guardar o horror dos outros em imagens de arquivo que eram o espelho da sua glória. O fascismo sempre primou pelas botas luzidias das suas convicções e pela ausência de rugas no vinco impecável da ordem pública.

Bento XVI bem apelou "à reconciliação e à coexistência pacífica", depois do cardeal Saraiva Martins ter ontem proclamado, na Praça de São Pedro, a beatificação dos 498 mártires. Mas as feridas ainda em aberto voltam a sangrar memória em Espanha e pingam na brancura do perdão papal. A poucos dias da entrada em vigor da Lei da Memória, destinada à reabilitação de vítimas da ditadura de Franco, esta iniciativa do Vaticano vem fazer renascer a discussão sobre o cariz político dos critérios utilizados. E sobre a bondade das escolhas que ficaram por fazer.
Como as dos nomes de inúmeros sacerdotes católicos que terão morrido ás mãos dos franquistas na defesa dos ditreitos do povo basco, por exemplo. E no agitar das águas, vem à tona de tudo um pouco.

Há imagens terríveis. Fotos, filmes, quadros, desenhos, imagens. Dispensam as palavras para contar as suas histórias. É o caso
desta foto, retrato acabado do amor ao próximo num abraço apertado entre a Igreja Católica e o Franquismo. Um retrato que não tem legenda. Mas que se tivesse uma, bem podia ser "se não queres vencê-los, junta-te a eles", uma máxima que a Igreja conhece bem. E muitos crentes a conheceram também, no decurso das guerras do século passado. Muitos deles tarde demais, só quando esbarravam nas portas fechadas da casa sempre aberta da fé cristã. E aí tombavam para sempre.
É certo que Cristo morreu descalço e quase nú. Mas os seus representantes na Terra, para além do brilho do ouro, é sabido serem igualmente apreciadores de uma bota bem engraxada e de uma batina sem rugas, para vestir quando são chamados a enfeitar as fotos do poder político. De qualquer poder político, diga-se. No abraço de sempre que sempre condiz com a ordem pública. Uma questão de imagem, seguramente. Que como toda a gente sabe, vale mil palavras.
RVN
Ó pá, eu já fiz isso em Gondomar...
Segunda-feira, 29 Out, 2007
«George Bush pediu a criação de um fundo internacional para agilizar a «transição democrática» em Cuba e ofereceu incentivos, como bolsas de estudos e computadores, caso ocorra uma mudança de regime.»
O chique e o choque
Segunda-feira, 29 Out, 2007
Na Cova da Moura:
Grande maioria contesta visitas da PSP no geral...
É por isso que eu já bebo álcool
Segunda-feira, 29 Out, 2007
(DD,29Out)
É outra música
Segunda-feira, 29 Out, 2007
O senhor da direita chama-se Aníbal Cavaco Silva e é o Presidente da República de Portugal.
A Argentina é a pátria do tango, música quente, lânguida, dança voluptuosa e sensual.
Portugal é fado.
Domingo, 28 de Outubro de 2007
Chapeladas e um corno
Domingo, 28 Out, 2007

José Torres está doente. E a morrer. Eu não sabia. Quem é o José Torres? Tem razão, há muitos. Este é o Torres que já não é figura pública vai para uma ou duas gerações, pelo menos. Mas que foi grande no seu tempo, em nome e em altura. Era o cabeceador por excelência da selecção nacional pré-Figo & Cia, o jogador do Benfica pré-ordenados milionários e contratações das arábias, o que tabelava com Zé Augusto, Coluna e Eusébio, entre outros. Esse mesmo.
Jogava-se quase a feijões no tempo do Torres. Eusébio que o diga. E diz. Não é preciso dizer quem é o Eusébio, pois não? Pois é. Também não devia ser preciso dizer quem é o José Torres.
Para o 'mundo do futebol', essa pasta viscosa de interesses que faz mexer as pernas de toda a gente, (jogadores para jogar e público para ver), José Torres deveria ser conhecido. E reconhecido, já agora. Nas clássicas mariscadas dos donos da bola, enquanto chupam os dedos sujos de camarão, os homens do futebol não falam de Torres mais do que falaram de Vitor Batista, que já lá está, enterrado por outro coveiro que não ele próprio, no mesmo cemitério onde trabalhou os últimos miseráveis anos. A malta é solidária mas não é parva, não senhor. Elogios a estralejar é uma coisa. Pagar é outro verbo. E ajudar é palavrão.
Quando se recorda com emoção os cinco violinos, mais o Pinga, mais os Eusébios que nunca chegaram a ser reis e se chama 'velhas glórias' aos ídolos do futebol de outros tempos, com a voz embargada pela comoção e o copo estendido ao brinde, era de toda a justiça que as bocas encortiçassem aos que o fazem tendo responsabilidades clubísticas e federativas. Exactamente, encortiçassem. Sabem como é? Acontece quando a gente come muitos figos, ou quando exageramos no camarão. Aquela sensação

de ardor e fogo amargo que nos queima o palato e não nos deixa apreciar bons vinhos, como aqueles que foram leiloados hoje em Santarém numa iniciativa particular de solidariedade para com José Torres, velha e doente glória do futebol nacional.
RVN
O fado d' Amália
Domingo, 28 Out, 2007
Foi Amália Morgado quem enviou uma participação ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, sobre factos que lhe suscitaram dúvidas no âmbito de um processo em que Carolina Salgado, ex-companheira do presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, acabaria por ser acusada pelo MP por autoria moral dos crimes de incêndio e de ofensa à integridade física grave qualificada.
Na entrevista, a magistrada teceu várias críticas a procedimentos do MP e da Polícia Judiciária, no que toca a escutas telefónicas, bem como a colegas juízes, sobre quem denunciou utilizarem formulários pré-existentes e completados por funcionários judiciais com os nomes dos arguidos, para terem menos trabalho na elaboração de despachos judiciais.
A directora do DIAP do Porto, Hortênsia Calçada, leu e enviou uma participação para o Conselho Superior de Magistratura sobre a entrevista. Para além disso, a denúncia de Amália Morgado está entre o conjunto de casos sob averiguação pela Procuradoria Geral da República, como as declarações da irmã de Carolina que comprometiam Maria José Morgado e um inspector da PJ encarregue da investigação Apito Dourado.
Amália Morgado já foi ouvida por um inspector judicial. Agora, três coisas podem acontecer. A denúncia assumida de uma juiza presidente do TIC sobre deficiências graves e corrupção no sistema judicial a que pertence pode resultar em inquérito ordenado pelo CSM. Ou pode resultar num processo disciplinar contra Amália Morgado por ter aberto a boca para além do desenho dos lábios.
Resta uma terceira hipótese aos superiores conselheiros de toda a magistratura. Podem mandar arquivar a denúncia, mais a denúncia da denúncia e mais os próprios factos, tudo por baixo de quatro camadas de jurisprudência pesquisada nas colectâneas, num desvio para canto a toque de calcanhar. E todos viveremos felizes para sempre. Aceitam-se apostas sobre o que vai acontecer.
RVN
Don't cry for me, Carolina.
Domingo, 28 Out, 2007
Surpresa: Filomena de véu e grinaldaPinto da Costa escolhe enlace tradicional
(CM, 27Out)
O PGR tinha razão...
Domingo, 28 Out, 2007
"Governo cria rede de vigilância de mosquitos"(DN, 28 Out)
Sábado, 27 de Outubro de 2007
Então e hoje fazemos o quê?
Sábado, 27 Out, 2007
«Dificilmente conseguimos alcançar a perfeição de oferecer a outra face a quem nos bate, mas o desprezo teria quase o mesmo efeito. O orgulho, porém, é muitas vezes mais forte que o nosso desejo de paz. Ou até nos apetecem mesmo algumas guerras, para provarmos que somos capazes de enfrentá-las ou de atiçá-las. No entanto, as palavras do ódio não são nunca proferidas por uma língua eloquente.»
A frase não é minha. Mas tenho pena, confesso. O conceito que exprime também não é novo, mas eu cá não me importo com minudências. A questão é que hoje é sábado e está sol. Putin foi-se, Pinto da Costa casa-se, a Califórnia arde menos e os brancos Springboks campeões sul-africanos de rugby vão jogar com os pretos em pleno Soweto, pela primeira vez. E eu, se tenho que pensar em alguma coisa de jeito e à escolha, penso nestas palavras que Daniel de Sá, escritor, açoriano e boa gente, escreveu
ontem mesmo no Aspirina B.
E você, tem que fazer hoje?
RVN
E então? Há horas felizes..
Sábado, 27 Out, 2007
(SOL, 26 Out)
Carolina, despacha-te!! Ainda chegamos atrasados!
Sábado, 27 Out, 2007
(Correio da Manhã, 27Out)
Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007
Por uma lágrima tua
Sexta-feira, 26 Out, 2007

Maddie McCann desapareceu há seis meses. Nunca escrevi uma linha sobre o assunto. Nem uma. Entendi que o mundo passaria muito bem sem mais uma opinião sobre este caso que tem já tanta opinião generalizada. Para além disso, para ser franco, não tenho uma que me satisfaça. É verdade. Não sei o que pensar do que vejo e ouço. De tanto especialista, tanto perito, nacional e estrangeiro, oficial e oficioso, português ou inglês, de tanta e tão horrorosa conjectura que me faz desejar que não venha a ser verdade a verdade que for.
No meio de um assunto tão sério dou por mim a ver e ouvir as bancadas de Heisel Park zangadas com Portugal. E a ver e ouvir a Polícia Judiciária portuguesa a dizer uma coisa e o contrário dessa coisa, dia sim dia não, durante meses e mais meses, quando o maior acerto do ignorante é saber estar calado. Leio os jornais, ouço a rádio, vejo a televisão. E sinto pena de ter o jornalismo cravado na alma, tantas vezes, que dava-me jeito ter nascido outra coisa qualquer nessas alturas.
Maddie McCann deixou de ter cheiro e textura, neste universo virtual. É natural que assim seja. Ninguém consegue não ganhar distância do factor humano de alguém que desapareceu e todos os dias é papel amarrotado no chão do Metro, ou imagem anterior à Floribela e interior do Você na TV. Como numa doença prolongada, a mente dos homens interiorizou o pior, pelo sim pelo não. E com a catástrofe em modo de processamento automático, a atenção de todos vira-se naturalmente para todos os outros aspectos da questão. Os mais suculentos primei

ro, claro. E os pais, são culpados ou inocentes? E a polícia, agiu bem ou mal? E os ingleses, já viram o que dizem? E eles vão jantar e bebem oito garrafas de vinho? E a miúda não gritou, estaria drogada? Dizem que uma vizinha contou a uma amiga que tem um tio que é empregado de uma pastelaria onde vai um agente da judiciária que trabalha com uma senhora que chamada Luisa, ou Maria. E o que é que eu estava a dizer?
Toda a gente sabe, toda a gente ouviu dizer, toda a gente viu até aquilo que não havia para ver. Maddie é mais um nome, tão perto e tão distante de nós como Michael Jackson. E tão presente como Princesa Diana, na doçura da memória. As suas realidades enquanto pessoas estarão sempre muito aquém dos seus mitos enquanto nomes. É outro escalão, outro universo onde o sol é o ego de cada um.

Por entre a raiva e confusão que todo o espírito sente quando subitamente agredido pelo destino, Portugal e o mundo procuram desesperadamente um culpado porque desesperadamente não conseguem encontrar uma razão. Uma explicação para o que raio aconteceu. Ontem à noite, milhares e milhares de pessoas pararam as suas próprias vidas para assistirem a mais uma entrevista do casal McCann, numa busca ansiosa de uma lágrima em Kate, finalmente. Como quem até quer acreditar mas não consegue. Não sem lágrimas. Para servir com a entrevista, a SIC apresentou a opinião da pedopsiquiatra Ana Vasconcelos, convidada especificamente para analisar as lágrimas de Kate ou a ausência delas. Eu pensei em Maddie e no triste fado português. Por uma lágrima tua, isso sim que alegria. Me deixaria matar.
É da praxe! É da praxe?
Sexta-feira, 26 Out, 2007
Cenouras sim, burros não
Sexta-feira, 26 Out, 2007
Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007
Ó meu amigo, claro que sim, por quem sois...
Quinta-feira, 25 Out, 2007
Evadido apanhado ao pedir dinheiro a GNR (JN, 25Out)
E agora, Putin?
Quinta-feira, 25 Out, 2007

• ALEXANDER LITVINENKO
Londres expulsa quatro diplomatas russos
«O Reino Unido decidiu, esta segunda-feira, expulsar quatro diplomatas russos em protesto pela recusa de Moscovo em extraditar Andrei Lugovoi, o principal suspeito do assassínio em Londres do ex-espião russo Alexander Litvinenko, envenenado com uma substância radioactiva.» ( 22:14 / 16 de Julho 07 )
• ALEXANDER LITVINENKO
Rússia expulsa quatro diplomatas britânicos
«A Rússia expulsou, esta quinta-feira, quatro diplomatas britânicos e decidiu deixar de cooperar com o Reino Unido na luta contra o terrorismo. Esta é a resposta de Moscovo à decisão de Londres de expulsar quatro diplomatas russos no caso Litvinenko.»
( 15:04 / 19 de Julho 07 )
Porreiróvzky, Pázovzky!!
Quinta-feira, 25 Out, 2007
Adoro quando é lá entre eles...
Quinta-feira, 25 Out, 2007
Vila Real: Polícia fora de serviço agredido por militares(Lusa, 25 Out, 15:14)
Tustes vitalícios
Quinta-feira, 25 Out, 2007
Não haverá dúvidas que Portugal é um país que trata miseravelmente os seus velhos.
As pensões de miséria com que vivem inúmeros gaiatos e gaiatas de antigamente são famosas por não chegarem sequer para a conta da farmácia da maioria dos pensionistas. Por isso acautelar a velhice é um dever de todos nós. Cada um como souber e puder, claro, que isto é como tudo. Há os uns e há os outros,
como de resto falávamos há poucochinho. 
O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes, que na semana passada renunciou ao cargo de deputado, pediu agora a atribuição da subvenção mensal vitalícia a que tem todo o direito legal, depois de vinte anos a ser eleito deputado. A subvenção mensal vitalícia é uma prestação social a que vários deputados ainda em funções têm direito e que chegou a ser garantida para quem estivesse apenas oito anos no Parlamento. Mais tarde passou para um limite de 12 anos. Foi revogada em Outubro de 2005. Mas todos os deputados que até 2009 cumpram esses 12 anos têm direito a pedi-la. Marques Mendes tem 20 anos de parlamentar, ainda que muitos deles passados com o mandato suspenso para exercer funções governativas. Ou seja, tem direito ao máximo da pensão, 80% do último ordenado, dois mil e novecentos euros, mais tuste menos tuste. E quando o seu pedido for aprovado pela Caixa Geral de Aposentações, o que será breve, Luis Marques Mendes será aos 50 anos o nº 384 da lista de portugeses que recebem uma pensão vitalícia por fazerem política. Oito milhões de euros previstos no O.E. de 2008, no total. Para quem faz ou fez política.
Política. Aquilo que propõe, discute e determina as regras escritas e a escrever para atravessar as ruas, aprender a ler, vender laranjas ou ter pensões vitalícias de dois mil e novecentos euros. Mais tuste menos tuste.
RVN
Está bem, pronto.
Quinta-feira, 25 Out, 2007

Um estudo da OCDE destinado a medir a amplitude da desconfiança e falta de civismo nos povos determinou serem os portugueses o povo mais desconfiado da Europa Ocidental. Nem mais. Os estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da "World Values Survey" demonstram que esta "
ausência de confiança generalizada nos outros e nas instituições é mensurável e afecta a economia e a sociedade em geral" em todos os países avaliados. Não fosse isso e os portugueses teriam, por exemplo, aumentado em 18 por cento os seus rendimentos médios entre os anos 2000 e 2003, com efeitos idênticos sobre o PIB.
Os portugueses são, em média, os europeus mais desconfiados, à frente dos franceses (24º lugar) e da maioria dos outros povos desenvolvidos, de acordo com uma outra sondagem realizada entre 1990 e 2000 pela «World Values Survey» que inclui os países membros da OCDE, nomeadamente EUA, Japão, Austrália e Canadá. No último lugar, imediatamente depois de Portugal, apenas os turcos conseguem ser ainda mais desconfiados. Em resposta à pergunta "Regra geral, pensa que é possível confiar nos outros ou acha que a desconfiança nunca é suficiente?", os portugueses ficaram no último lugar, com menos de 18% a responderem afirmativamente. Ou seja, 82% de nós acha que não é possível confiar nos outros. E que a desconfiança nunca é suficiente.
As conclusões deste estudo estabeleceram ainda que os portugueses são os menos cívicos e apenas ultrapassados por mexicanos e franceses, ocupando também a terceira posição entre os povos que acham legítimo receber apoios estatais indevidos (baixas por doença, subsídios de desemprego etc.), adquirir bens roubados (14º lugar para os portugueses contra 20º lugar dos franceses) ou aceitar luvas no exercício das suas funções (12º lugar para os portugueses e 21º lugar para os franceses).
Mas há mais. Para quase 20 por cento dos portugueses e franceses "para se chegar ao topo, é necessário ser corrupto". Convidado pela agência Lusa a comentar este estudo, Mira Amaral, ex-ministro de Cavaco, economista e professor universitário, fez questão de explicar que neste ponto existem duas motivações. Uma assente na inveja dos que não suportam ver alguém triunfar e outra baseada na convicção justificada do povo de que a classe política, através de esquemas, promoções e "amiguismo", consegue obter mais privilégios do que os devidos. "A promiscuidade entre grupos económicos e políticos leva as pessoas a terem alguma razão nessa sua desconfiança", constata Mira Amaral.
Eu cá estou de acordo. Cem por cento. E muita gente estará também de acordo com o Dr. Mira Amaral, estou certo. Mas o que me deixa de facto reconfortado nestas declarações do ex homem forte da Indústria nacional e da vida político-partidária é saber que embora afastado da governação, o Dr. Mira Amaral continua naturalmente a viver nos mesmos círculos profissionais e a dar-se, no geral, com as mesmíssimas pessoas. Os interesses dos uns, dos outros e de todos mantêm-se iguais, que eu saiba. E as regras do jogo também não me consta que tenham sido alteradas por aí além nos últimos trezentos anos, para já não recuar até à Roma Antiga que fica longe. Por isso digam lá que não aquece a alma à gente ver e ouvir uma candura assim, qual rabinho de bébé, nesta confissão resignada de Mira Amaral.
As coisas são mesmo assim e não há nada a fazer? OK. Tá certo.
RVN
Não doeu? É legal.
Quinta-feira, 25 Out, 2007
Homem suspeito de abusar de ovelha
(P.D., 2007/07/25)
Polícia tenta descobrir se o animal sofreu durante o acto
A Polícia holandesa informou esta quarta-feira que deteve um homem suspeito de ter abusado de uma ovelha na localidade de Haaksbergen (leste) e investiga se o animal sofreu, escreve a agência EFE.
A Polícia tenta agora determinar se a ovelha sentiu dores durante o acto, já que na Holanda o bestialismo só é punido quando se pode comprovar que o animal sofreu, informou a agência holandesa «ANP».
Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
Advogados. Esses cómicos...
Quarta-feira, 24 Out, 2007

Digam o que disserem, para mim os advogados são os mais cómicos e equilibristas de todas as profissões, incluindo as circenses. Procure-se nos árticos da vida; se no meio de um continente de gelo estiver alguém a defender o frigorífico, esse é advogado pela certa. Não é um tanguista amador. Ou então não vamos tão longe.
Notícia de
hoje mesmo, alegações de defesa no Tribunal de Monção onde se julga um caso que chocou o país. Uma mãe confessou ter morto a sua filha de dois anos com pontapés na barriga. Contrapondo argumentos aos 16 anos de prisão pedidos pelo Ministéio Público, o advogado de defesa, Mota Vieira, depois de ter repetidamente frisado 'não ter ficado provado se foram dois pontapés se apenas um', ressalva a grande incógnita deste julgamento: "Não foi possível apurar qual teria sido o móbil do crime".
RVN
Ponha o cinto, olhe os burros
Quarta-feira, 24 Out, 2007
Cuidadito, niños...
Quarta-feira, 24 Out, 2007
Insultar en el 'blog' se pagaVarias sentencias judiciales empiezan a poner coto a la impunidad en la Red. Los casos de 'cibervandalismo' obligan a muchas páginas a moderar el 'tráfico'
(El País, 23/10/2007)«Insultos, comentarios ofensivos o incluso publicidad engañosa. Mensajes que buscan intencionadamente provocar la reacción del autor del blog o de los otros comentaristas. Son los llamados troll, y buscan desde divertirse hasta molestar al blogger o desviar la discusión que se está manteniendo. El mundo blog, el universo que ha permitido a millones de personas compartir opiniones, aportar datos o explicar sus vivencias personales, empieza a mostrar su lado más vulnerable. Los casos de juicios por injurias, acoso, problemas empresariales aireados, empiezan a proliferar. Y la impunidad de la que se ha gozado hasta ahora empieza a resquebrajarse.Dos sentencias en Reino Unido acaban de reabrir la polémica sobre la responsabilidad de los comentarios anónimos que se vierten en las webs. El presidente y los máximos directivos del club de fútbol inglés Sheffield Wednesday han ganado una demanda que obliga a los propietarios de una web a identificar a los autores de una serie de comentarios ofensivos contra ellos».
De papo cheio
Quarta-feira, 24 Out, 2007
Na noite de domingo para segunda feira passada, Adélia Volpes morreu numa clínica em Santa Fé, depois de ter regressado da sua viagem de núpcias. O cardiologista que a assistiu, Marcelo Engler, disse que "
a televisão e os programas que falavam mal do casamento são indirectamente responsáveis pela morte dela". Mas o viúvo Reinaldo tem outra explicação. “
Foi uma lua-de-mel de loucos. Por isso ela está onde está”, disse Wavegche, que concluíu: “
Ela desfrutou muito, isso é o que importa.”
RVN
Levante-se o réu
Quarta-feira, 24 Out, 2007

O
senador norte americano Ernie Chambers, do Estado do Nebraska, resolveu processar Deus num tribunal de Omaha. O processo deu entrada (e foi aceite) na passada sexta feira no Douglas County Court e pede ao juiz que emita uma providência cautelar permanente contra Deus, responsável por "
calamitous catastrophes resulting in the wide-spread death, destruction and terrorization of millions upon millions of the Earth’s inhabitants including innocent babes, infants, children, the aged and infirm without mercy or distinction."

Este curioso processo judicial admite ainda que '
Deus dá por todo o tipo de nomes, títulos e designções' e reconhece 'o
facto do réu ser omnipresente', razão pela qual o senador pede ao tribunal que prescinda de quaisquer notificações pessoais.
"Se Ele é omnipresente e omniconsciente, decerto tem conhecimento desta acção", declarou o senador Ernie Chambers, que acrescenta ter
'tentado contactar Deus inúmeras vezes', antes de O processar.
Fontes do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, garantem não ter tido qualquer pedido recente para internamento de um cidadão norte americano. Nem Senador, nem juiz, nem Presidente. Nada.
RVN
Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado.
Terça-feira, 23 Out, 2007

Amália morreu e o país inteiro pôs luto. O povo chorou. E chorou sentido, quero crer, que Amália era mais que Amália para toda a gente. Presidentes e ministros, doutores e engenheiros das dores e das obras, vieram a terreiro dissecar, classificar, explicar e perorar sobre o mais profundo significado de cada entoação da diva, cada gesto, cada ai. E Amália tinha muitos ais. Os ais de toda uma geração de portugueses moravam na voz da senhora do fado, porque era o fado uma casa d'ais por excelência. Era o Portugal do conforto pobrezinho, no lar onde só há fartura de carinho, da minha alegre casinha tão modesta como eu.
Muitos anos de D.Perignon não apagaram em Amália a memória do seu próprio conforto pobrezinho num passado distante. E quis vida depois da morte para essa memória. Por isso determinou e deixou escrito: o que deixava de seu era para servir aos pobres. Mais o dom da sua voz.
Com o corpo de Amália no Panteão Nacional, a sua alma foi colocada na Fundação Amália Rodrigues, criada em 1999 com o intuito de ajudar pessoas desfavorecidas e apadrinhar instituições de beneficência e de solidariedade social. Com sede na casa onde a fadista vivia, a S.Bento, gere os bens de Amália Rodrigues, terrenos, apartamentos, a conta bancária, jóias e pratas. E tem uma dívida acumulada ao fisco de dois milhões e trezentos mil euros, nada mais, nada menos.
Na passada sexta-feira, uma portaria publicada no "Diário da República" declarava a fundação com o nome da fadista Amália Rodrigues "pessoa colectiva de utilidade pública". Com a condição de comprovar a regular constituição dos órgãos sociais e a inexistência de dívidas fiscais à Segurança Social. Na sua edição de ontem, o jornal "Correio da Manhã" chamava a atenção para o artigo 11.º A do Estatuto dos Benefícios Fiscais, que obriga os responsáveis da Fundação a pagar a dívida para o estatuto de "utilidade pública" ser considerado válido. E Amadeu da Costa Aguiar, o presidente da Fundação, logo veio garantir que "a dívida ao Fisco de 2,3 milhões de euros da Fundação Amália Rodrigues deixará de existir com a concessão do estatuto de utilidade pública". Isto resume o assunto, no que toca ao Fisco e ao Estado e à legalidade. Sobra um pormenorzito de somenos.
Desde o dia em que foi criada até ao dia de hoje, a Fundação Amália Rodrigues não concretizou um único dos objectivos que presidiram à sua instituição, para amostra. Não consigo vislumbrar uma única razão, para amostra, que possa levar o Estado português a considerá-la Instituição de Utilidade Pública agora, a não ser uma razão de utilidade privada como uma dívida de 2,3 milhões de euros ao Fisco, por exemplo.
Estranho fado, o da memória de Amália. Triste fado e de autoria duvidosa. Certo mesmo só o tal pormenor, provavelmente sem qualquer significado. É que desde o dia em que se sentou na cadeira da presidência da Fundação Amália Rodrigues, em 1999, a única decisão oficial conhecida de Amadeu da Costa Aguiar foi a de nomear um presidente vitalício para gerir os destinos e os dinheiros da instituição, mais o pinga pinga da saudade da diva. Chama-se Amadeu da Costa Aguiar. Triste, convenhamos. Mas fado. Definitivamente, tudo isto é fado.
RVN
Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007
Meus queridos, queridos filhos:
Segunda-feira, 22 Out, 2007
Gonçalo, Rui, Clara, Francisca, Luzia:
NEM PENSAR, OUVIRAM???
Obrigado Papá!
Segunda-feira, 22 Out, 2007
Jardim Gonçalves pagou as dívidas que um dos filhos tinha com o banco, avaliadas em 12,4 milhões de euros(D.D.)Ter um pai pobre é azar. Ter um sogro pobre é burrice.
Ter um pai rico é ser
Filipe Jardim Gonçalves.
RVN
Pois, pois, sim, está bem...
Segunda-feira, 22 Out, 2007
Juiz Rui Rangel afirma que há «escutas ilegais»
e que foi a essas que o Procurador se referiu
(Sol on-line, 22Out 19:11h)«O presidente da Associação Ju í zes pela Cidadania considerou hoje que o Procurador-Geral da República (PGR) quis alertar para a existência de um «universo de escutas ilegais» e que o problema se coloca nas operadoras de telecomunicações».
O balde e os salpicos
Segunda-feira, 22 Out, 2007
Perdoarão que seja coisa já servida (Jornal dos Açores, 16/Fev/2006) e que seja sobre o famigerado caso Casa Pia e escutas telefónicas, assuntos da altura.
Mas não sei porquê, mesmo vinte
longos meses passados, tenho cá para mim que não vos irá saber a requentado.
O BALDE E OS SALPICOS
Já era de esperar que quem metesse a mão no balde do vício pedòfilo que existe em Portugal ia acabar por salpicar tudo a torto e a direito mal começasse a agitar a pasta viscosa que encontrasse lá dentro. E assim aconteceu, com efeito. Desde o caso Farfalha, nos Açores, ao processo Casa Pia no coração da República, que as investigações abrangeram culpados e inocentes, como em qualquer outra investigação, para posteriormente ficarem reduzidas supostamente apenas aos presumíveis culpados. Isto esperamos todos nós, claro. O sistema judicial terá provido de meios bastantes os investigadores, enquadrando as suas autorizações na moldura legal que assegura o respeito pelos direitos, liberdades e garantias que são ponto assente na lei fundamental portuguesa. Com certeza absoluta. E tudo estaria bem se acabasse bem, o que é manifestamente impossível em convulsões sociais deste género, sobretudo nos dias de hoje, tempo de comunicação e informação global á velocidade de um instante. Resultado? O caso do ‘envelope 9’ por exemplo.
Cinco disquetes com registos de chamadas feitas pelos telefones de altas figuras do Estado português e escutadas pelos investigadores sem autorização de juiz algum. A prova mais que provada que existem escutas e vigilâncias ilegais em Portugal feitas ao bel prazer de cidadãos, que trabalham nas polícias, a outros cidadãos que nem sonham estar a ser espiados, incluindo um Presidente da República, nada mais, nada menos! Resultado? Deu aquilo que estava no balde. Já cheirava a qualquer coisa no dia em que Jorge Sampaio fez o seu tradicional discurso de abertura do ano judicial e usou as palavras quase todas para falar de escutas e direitos civis, vigilâncias e cuidados. Mas onde a coisa atingiu o ventilador, a altura em que o cheiro virou pivete e ficou mesmo insuportável foi quando o jornal “24Horas”, essa espécie de fossa da informação, contou a história a toda a gente. Aí sim, transbordou. Resultado? Três juizes, um mandato de busca e apreensão e mais um batalhão de polícias. Tudo para saber quem fez as escutas ilegais? Claro que não. Tudo para saber como é que o “24Horas” soube, isso sim. Claro que sim.
O Ministério Público nacional tem a sua reputação a prémio com este processo da Casa Pia. O próprio Estado português tem a sua reputação a prémio em toda esta história. Alguém duvida? A prisão de Carlos Cruz envolveu emocionalmente o povo português, como se previa, e a prisão de Paulo Pedroso mexeu directamente com os políticos portugueses, como se temia. A dimensão do caso ultrapassou fronteiras, como era lógico que acontecesse. A lista das gaffes e disparates desta investigação dava quase tantas páginas como o processo em si, e até o Procurador Geral da República deu um generoso contributo para o mega-anedotário deste mega-processo. Muito boa gente viu o seu nome maculado e muito pedófilo empedernido ficou de fora e continua a procurar meninos e meninas na bolsa da miséria nacional. A busca ao “24Horas”, essa fossa de informação, por mais legal e até justificada que possa ser, não deixa de escamotear o mais importante do episódio ‘envelope 9’. O que de facto interessa saber é quem fez as escutas e se as continua a fazer. Esta diligência só vem mostrar que quem fez as escutas e as continua a fazer é afinal aquilo que de facto não interessa que se saiba. A ninguém, pelos vistos.
RVN
(J.A., 16/Out/06)
Escutas? Quais escutas?
Segunda-feira, 22 Out, 2007

A entrevista do Procurador Geral da República ao semanário Sol não foi sobre a Casa Pia de Lisboa. Mas o brado que deu terá seguramente deixado Catalina Pestana a pensar 'o que é que eu fiz errado para não merecer a mesma atenção geral'.
De todo o lado saltam agora as virgens púdicas a questionar as palavras do PGR. Escutas? Mas quais escutas? Mas há escutas em Portugal? Ilegais, ainda por cima? E o que são escutas? E a legalidade, sim, a legalidade, o que é ao certo?
Chamem-se os pares do reino, junte-se a corte, calem-se os sábios, ouçam-se os bobos, acudam os escribas. Preparem-se buffets vários que há muito que discutir. Escutas ilegais em Portugal? Ele há cada uma...
RVN
Domingo, 21 de Outubro de 2007
Deus ao domingo
Domingo, 21 Out, 2007
Eu vi. Soberbo christopher, de facto. Entre várias, há uma soberba reflexão do não menos. Diz o senhor Hitchens que subjacente à ideia de religião está um ‘desejo de ser escravo’ por parte do ser humano. Que se for escravo do poder dos homens só pode alcançar a liberdade morrendo. Se acima do poder dos homens estiver o poder dos deuses, nem morrendo ele se liberta. Qual é então o maior medo, o maior de todos, o que explica os incontáveis atropelos e abusos feitos por todos os franchising do divino em nome desta ou daquela fè? Diz o senhor Hitchens que é ‘o medo da liberdade’. Da autonomia do intelecto, se a salvo da permanente dependência do lápis azul do céu.
Digo eu que em nome dessa insegurança os homens procuram a religião e nela se agarram ao corrimão firme das normas e proibições, para dogma a dogma escalarem os degraus que os levarão até ao perdão eterno dos seus erros. E que é em nome dessa insegurança que a religião lhes abre os braços seguros da fé e lhes guia os passos medrosos por caminhos de subserviência. Tudo por amor, claro. Mas pagando, evidentemente.
RVN
Sábado, 20 de Outubro de 2007
Mesmo muita porreiro, pá!!
Sábado, 20 Out, 2007
Serra da Estrela: Portugueses e estrangeiros plantam carvalhos com ajuda da Força Aérea
(Lusa, 20 Out, 13:38)
Covilhã, Castelo Branco, 20 Out (Lusa) - «A associação Amigos da Serra da Estrela (ASE) espera que pelo menos metade dos seis mil carvalhos que hoje estão a ser plantados com o apoio da Força Aérea consiga crescer.»
Meus amigos: eu que já escrevi filhos e fiz livros estou convosco em espírito neste plantio. Porreiro, pá. Mesmo porreiro.
rvn
Sim?
Sábado, 20 Out, 2007
Como diria o outro, cada qual é p'ró que nasce. Não me causa engulho de espécie alguma a opção de alguém dividir vida e cama com outra pessoa do mesmo sexo. Nada contra. Fazê-lo à luz da lei que nos rege a todos, criada e estabelecida com base numa realidade social de séculos, parece-me um passo de gigante. O que não é argumento contra ou a favor. È apenas o único lado da questão a merecer um estudo sério, na minha opinião. Porque quem pensar que tudo se resumirá a mudar ou introduzir um único artigo de lei, não tem bem a noção da volta que todo o sistema vai levar no dia em que Teresa e Helena disserem 'sim' a um casamento sem marido e se tornarem mulheres uma da outra.
RVN
Muita porreiro, ó pá!
Sábado, 20 Out, 2007

(DN, 20 Out)
... e todos foram felizes para sempre.
Sábado, 20 Out, 2007
O engenheiro Sócrates já tinha resumido a coisa: “Já tínhamos a Estratégia de Lisboa e agora temos o Tratado de Lisboa”. Daí para a frente foi sempre a andar.
O acordo em torno do Tratado deixou o Dr. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, “extremamente feliz”. Igualmente satisfeito ficou Hans-Gert Poettering, o pres

idente do Parlamento Europeu (PE). “A Polónia obteve tudo o que queria”, disse o seu presidente Lech Kaczynski. Angela Merkel, chanceler alemã, concordou que “o acordo é um grande êxito e um avanço político decisivo”. Gordon Brow exultou:"Os interesses britânicos foram protegidos". Da parte da presidência francesa, veio dizer o porta-voz: “Este acordo é uma grande satisfação". Em comunicado, o gabinete do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês saudou a aprovação do Tratado. Leonid Slutski, vice-chefe do comité da Duma estatal da Rússia para as relações internacionais, considerou o tratado "um importante passo na via da consolidação da União". Toda a gente tratou bem o tratado. Toda a gente está feliz. Toda a gente deu os parabéns a toda a gente.
Pois eu quero que todos saibam que também estou muito feliz e acho tudo muito bem e os senhores todos um tratado. Muito obrigado a todos e muitos parabéns.
RVN