Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

More than meets the eye

Sete Vidas Como os gatos

03
Mai08

Bom dia. Hoje eu vou escrevendo enquanto posso. Viva Portugal.

Rui Vasco Neto
02
Mai08

A Ópera em Portugal - Marcos Portugal: vida e obra (IV)

Rui Vasco Neto
Nascido em Lisboa, a 24 de Março de 1762, Marcos António da Fonseca Portugal viria a ser um dos maiores compositores portugueses de sempre e um dos mais brilhantes no mundo da sua época. A sua história preenche o quarto capítulo deste trabalho original do escritor Daniel de Sá, que o 7vidas vem publicando. Hoje, nos detalhes da narrativa, ficamos a conhecer o ambiente que se vivia ao tempo e a obra desta extraordinária figura.

             Em baixo: "A Ópera em Portugal - Marcos Portugal"

Sete vidas mais uma: Daniel de Sá

           
Marcos Portugal teve o privilégio de nascer filho de um músico (tendo um seu bisavô sido músico também, bem como seu irmão, Simão) e de crescer num tempo em que a música alcançara em Portugal um desenvolvimento nunca antes visto e que talvez não se tenha repetido ainda.
No século XVIII, dominado até 1750 pela figura de D. João V, que protegera extraordinariamente a música, viveram alguns compositores e intérpretes de grande talento, sendo sem dúvida esse século aquele em que tal arte se transformou numa espécie de vocação natural de muitos portugueses.
Tal protecção de D. João V chegou a ter aspectos de algum exagero, como as diligências que fez, ainda no início do seu reinado, para dotar a Capela Real das maiores regalias. O rei conseguiu do Papa que a sua Capela, que dispunha desde 1710 de uma colegiada de cónegos e beneficiados, ganhasse o título e a categoria de Basílica Patriarcal, em 1716, ficando a cargo de um cardeal, do que acabou por resultar a divisão de Lisboa em duas dioceses, situação que se manteve durante algumas décadas. A opulência da Patriarcal era de molde a escandalizar a nobreza e o próprio Vaticano, pois dispunha de 28 principais (que vestiam como os cardeais), 72 monsenhores (que usavam distintivos iguais aos dos bispos), 20 cónegos, 70 beneficiários, 30 directores de coro (chantres) e 60 músicos. No entanto, a Escola do Seminário Patriarcal foi de enorme importância para o desenvolvimento da música, contando-se entre os seus mestres, no tempo de Marcos Portugal, artistas como José Joaquim dos Santos (um compositor genial injustamente esquecido até das enciclopédias portuguesas, mas que este ano tem uma merecida homenagem na sua terra natal, pois que lhe é dedicada a VIII Semana de Música de Óbidos), João de Sousa Carvalho, ou os irmãos Brás de Lima e Jerónimo de Lima. Foram seus alunos alguns dos grandes músicos portugueses, como o próprio Marcos Portugal, que teve por condiscípulos mais famosos João José Baldi e Leal Moreira, que veio a ser seu cunhado por casamento com sua irmã.


Para além das próprias capacidades naturais, a influência do grande mestre que foi João de Sousa Carvalho terá sido decisiva para a carreira brilhante de Marcos Portugal, que cedo se manifestou, pois com apenas catorze anos compôs uma obra de grande mérito, um Miserere, para quatro vozes e órgão. Entretanto, a ópera tornara-se uma obsessão para a nobreza e a burguesia, pelo que o seu talento teria forçosamente de se encaminhar por aí.
Aos vinte e um anos, altura em que era cantor e organista da capela da Patriarcal, tornou-se membro da Irmandade de Santa Cecília, o que o tornava apto a exercer a profissão de músico, e, dois anos depois (1785), recebeu a nomeação de regente da orquestra do Teatro do Salitre.
Foi aí, durante os sete anos que permaneceu no cargo, que compôs e fez representar várias farsas e entremezes, tentando igualmente com êxito um género semelhante à zarzuela, a burleta. A simplicidade e graciosidade da sua música, que aliava a essas características uma inegável qualidade artística, tornou em pouco tempo Marco Portugal muito popular, desde a sua estreia, em 1787, com Licença Pastoril. Entretanto, dedicou-se também à música sacra, distinguindo-se sobretudo missas e a oratória La Purissima Concezzione di Maria Santissima Madre di Dio, de 1788, o que se terá devido ao facto de servir a Capela Real, para a qual veio a ser nomeado mestre.


Mas em 1792 Marcos Portugal resolveu ir para Itália, gozando da protecção do príncipe regente (futuro D. João VI). E se optou por Nápoles, nesse tempo considerada a cidade da ópera por excelência, logo no ano seguinte fixou-se em Florença devido ao êxito que nesta cidade teve a apresentação de La Confusione  Nata della Somiglianza, a que se seguiram outras, entre as quais Il Poeta en Campagna, L’Eroe Cinese, D’Ecquivoco in Ecquivoco ou Il Matrimonio di Figaro.

A partir de então, Marcos Portugal transforma-se num caso de sucesso extraordinário em toda a Europa, e não apenas em Itália, onde não só foram representadas óperas suas como traduções e adaptações que fez de outras. Terá mesmo, por vezes, ganho em popularidade ao próprio Mozart, até na Rússia.
Apesar do seu regresso a Portugal em 1800, a sua fama e popularidade mantém-se no estrangeiro, e, no ano seguinte, a sua ópera Non Irritare le Donne foi seleccionada para reabrir o Teatro Italiano de Paris, onde continuaria a ser regularmente representado até 1817. Em Lisboa passa a ocupar os cargos de mestre da Capela Real, professor dos príncipes e do Seminário Patriarcal, bem como de maestro do Teatro de S. Carlos, no qual substituiu, nesse mesmo ano de 1800, Leal Moreira. Para este teatro escreveu logo a seguir Adasto, Rè d’Eggito, que continuou o sucesso que nele já tinham tido outras, como La donna di Genio Volubile, Rinaldo d’Asti ou Lo Spazzacamino Principe.


Com as invasões francesas e a fuga da corte para o Brasil em 1807, começa na vida de Marcos Portugal um período de contradições. Junot admirava-o e mandou a Napoleão algumas das suas óperas, enquanto que na igreja da Madalena, em Paris, eram executadas obras da sua vasta produção religiosa. Estas circunstâncias, aliadas ao facto de, em 1804 , a pedido do embaixador francês, ter sido cantado na igreja do Loreto, em Lisboa, um Te Deum em honra de Napoleão Bonaparte, bem como uma nova versão de Demofoonte (escrito em Milão em 1794) para a gala do Teatro de S. Carlos no aniversário do Imperador em 1808, fizeram com que Marcos Portugal fosse considerado traidor. E de pouco valeu ter composto um Te Deum para saudar a Convenção de Sintra, pela qual os Franceses aceitaram abandonar Portugal, nem que, em 1809, fosse apresentada no S. Carlos a cantata La Speranza o Sia l’Augurio Felice, em honra do aniversário de D. João, ainda príncipe regente. Estas condições adversas levam-no a partir também para o Brasil, em 1810, onde se dedica sobretudo à música religiosa, com excepção da ópera em português A Saloia Enamorada, em 1812. No ano seguinte, D. João concede-lhe a comenda da Ordem de Cristo, querendo demonstrar assim o apreço em que continuava a ter o grande mestre.
A independência do Brasil chega num momento em que fora já vítima de dois ataques de apoplexia, mas ainda está activo e mostra a sua adesão à causa brasileira compondo o Hino Dedicado à Nação Brasileira, cantado em 12 de Outubro de 1822 no Teatro de S. João, no Rio de Janeiro, que fora mandado construir por D. João em 1810.

Veio a falecer no Rio de Janeiro em 7 de Fevereiro de 1830.


(Amanhã: "Parte V - Os intérpretes: Luisa Todi e Irmãos Andrade")
02
Mai08

Bom dia. Hoje eu fui à vida, mas deixem-se estar à vontade. Adeus.

Rui Vasco Neto
01
Mai08

Eu e o velho eu

Rui Vasco Neto

O velho eu tinha bastas diferenças com este novo, nem sequer vou por aí, pela mudança em números, pela contabilidade pura e dura do que mudou. Deixem-se disso, vá lá, não é a altura nem o local, um dia, quem sabe. Concentremo-nos por agora só no que interessa para já, na circunstância: a informática. Isso mesmo, falemos de informática, enfim, mais ou menos.
O velho eu tinha um não sei quê com os computadores, eles e ele, ele e os ditos, enfim, não há por onde nem porque fugir, contornar o que era facto, melhor dizê-lo de uma vez: o velho eu era burro que nem uma porta, duas portas, todas as portas desde que fossem USB. Não era bem uma incompatibilidade, era mais a ausência total de qualquer compatibilidade que preenchesse os mínimos essenciais para a interacção dos dois, eu e o computador. Quer dizer, ele, o velho eu e o computador, era o que eu queria dizer, porque para este euzinho aqui, eu próprio, para este euzíssimo renovado e enxuto a coisa não tem espinhas e acabaram-se os dramas, ou quase. O esforço compensou e o milagre aconteceu.

Hoje eu trato por tu cada byte, já domino, aparo no peito, dou de calcanhar, enfim, com exagero e tudo, pronto, talvez nem tanto um bocadinho, mas o que eu quero dizer é que já consigo ligar e desligar, por exemplo, e fazer mais umas coisitas como escrever e postar os meus textos e fotos, tudo completamente sozinho e sem qualquer ajuda externa. Não é fantástico? Era isto que eu queria dizer. Já é bom, ou não? E era isto que eu queria fazer, o que era óptimo se conseguisse, mas acontece que não consigo e daí estar para aqui com esta conversa toda, a ver se passa incógnita a burrice desta súbita recaída na fatalidade de uma parecença com o velho eu, esse personagem abstruso e abominável que pensava que download era um ritmo, um compasso seis por quatro, sei lá, o inferno às quintas.

Pois todo esse pesadelo está de volta agora e antes fosse em Elm Street, mas não, aterrou no meu lap top ao mesmo tempo que o 7vidas aterrava no Sapo. Veio no pacote, por assim dizer. E agora, a cada tentativa de post, a cada nova experiência de fotografia, a cada coisa nova os terrores antigos da incomunicabilidade absoluta entre a máquina e o tal velhadas estão de volta, a galope. Invadem toda a área habitualmente reservada à capacidade de reacção e transformam o raciocínio numa tenda de circo e o pensamento numa mulher barbuda com três verrugas e a cara de um sapo. A sua imagem é tudo o que eu vejo na minha mente quando esta coisa bloqueia e fica a pensar, a pensar, a pensar. Eu penso no Sapo, só vejo a cara do sapo. E quando eu quero mudar um tipo de letra e mudam as cores, mudam os tamanhos, mudam os sinais, apagam-se os comentários, muda aquela merda toda e desaparece o texto todo menos aquelas duas linhazinhas, escondidas lá para o fim do que era suposto ser o post e exibindo, com um garbo suspeito, o tal tipo de letra que era a única coisa que eu queria ter mudado e não consegui? Eu cá penso no Sapo, na mulher barbuda, nos terrores informáticos e no sacana do velho que eu já julgava despachado de vez da minha vida. E vejo-me obrigado a concluir, nada a fazer, mesmo que só para os meus botões: esta mudança de endereço é coisa para ainda me sair carota nas contas do psicanalista.

Pág. 7/7

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Sete vidas mais uma: Pedro Bicudo

RTP, Açores

Sete vidas mais uma: Soledade Martinho Costa

Poema renascido

Arquivo

  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2012
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2011
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2010
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2009
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2008
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2007
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D