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Há histórias que merecem ser contadas. E a deste homem, pelos vistos, é contada pelo próprio em livros que edita e vende, ele próprio também. «No caso dos meus livros, sou eu que faço tudo. Escrevo, colo, coso, meto as capas e ainda os vendo, pela Internet», diz José Lima, 53 anos, licenciado em Electrónica Industrial, paraplégico por acidente desde 1997. Mas vivo, não morto para um mundo que custa a aceitar essa sua realidade.
Em 2007, e depois de «uma mão cheia» de anos a bater às mais variadas portas à procura de emprego, José Lima criou uma «minigráfica digital», onde edita os livros que ele próprio escreve ou outras obras assinadas por autores da região de Viana do Castelo, onde vive. Apesar de licenciado em Electrónica Industrial, José Lima diz que não consegue emprego porque todas as portas se lhe fecham automaticamente, quando se apresenta numa qualquer empresa em cadeira de rodas. «Enquanto que o contacto é meramente telefónico, as coisas parecem bem encaminhadas. Mas quando apareço na empresa em cadeira de rodas, as coisas mudam radicalmente de figura. Às vezes, parece que estão a ver um fantasma», conta ao Diário Digital, onde vem esta extraordinária história de coragem e força de vontade. Ou será desespero? E o que é que isso interessa, qual a força mental que faz mover este corpo adormecido num mundo ainda mais a dormir, se não vê que um milagre deste tamanho só pode ser capaz de muitos e maiores milagres, se lhe derem essa oportunidade?
A mim, ouvido empedernido de tanta desgraceira escutar ao longo da vida, não sei bem dizer o que me acordou para esta história, mais uma afinal. Talvez o timbre inconfundível da verdade que vi neste título: «Paraplégico cria mini-gráfica para sobreviver». Se assim foi, está de parabéns o Diário Digital pela parangona escolhida. O que sempre compensa a chatice que é ler uma notícia em fascículos curtos, como acontece nesta do DD, obrigando a uma espécie de rally paper quem queira saber o fim da história. Pois não desista, é o apelo que lhe faço, que este final (de capítulo, certamente) vale a pena conhecer. É que José Lima é um dos dois participantes da primeira edição da Volta a Portugal em Cadeira de Rodas, (o outro é Rosa Carvalho, 48 anos, e que há mais de duas décadas se desloca em cadeira de rodas, por ser portadora da 'doença dos pezinhos') que sexta-feira parte de Valença rumo a Faro, onde espera chegar a 15 de Agosto, após cumprir um percurso de 900 quilómetros, deixo já em antecipação. Eu não disse que esta história valia a pena?
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