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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

More than meets the eye

Sete Vidas Como os gatos

06
Dez08

Baltasando e rindo

Rui Vasco Neto

Ora então não é que o meu barbeiro favorito deu em promover um concurso de Natal com o intuito confesso de apurar o Rei Baltasar mais jêtoso que aparecer? Verdade, verdadinha. Os prémios, entre o aliciante e o milionário, bem como as regras desta interessante peleja virtual podem ser consultadas aqui, a título meramente informativo, claro. Porquê a título meramente informativo? Ora, porque eu decidi concorrer, está visto. E logo com este magnífico exemplar que aqui vêem, coisa fina, é ou não é? Pelo que a partir deste momento a única coisa que há a fazer e a dizer é onde e quando é que eu posso levantar a soma astronómica que estava em jogo até ao momento da minha participação. Que aqui fica, com um grande e sorridente abraço para o Luis Novaes Tito, proprietário do estabelecimento e promotor da brincadeira. Para os vencidos vai a minha simpatia, evidentemente. Tenham paciência, sim? Para o ano há mais, seguramente, e pode até ser que eu não concorra nessa altura, dando uma chance aos demais. Porque este ano está dito e feito: está no papo. Vejam.

06
Dez08

Bom dia. Hoje em dia os putos têm uma energia do caraças, não?

Rui Vasco Neto
04
Dez08

Elegâncias e injustiças

Rui Vasco Neto

«Sócrates é o sexto homem mais elegante de 2008», apurou o jornal 'El Mundo" numa eleição deveras surpreendente. Num suplemento especial, publicado este fim-de-semana, o jornal descreve Sócrates como o “vizinho elegante” que faz jogging todas as manhãs e veste fatos Armani. Quanto ao perfil, o nosso primeiro-ministro é caracterizado como “jovem, dinâmico e seguro de si mesmo”, apesar do El Mundo reconhecer que há também "os que dizem que ele é arrogante e irritável”, não tão poucos como tudo isso.

 

É assim sexto o nosso primeiro, nesta votação. Sendo que, para o "El Mundo", o homem não espanhol mais elegante é o estilista Karl Lagerfeld, o tenista Roger Federer é segundo e o futuro presidente norte-americano, Barack Obama, fica num honroso terceiro lugar nesta eleição. Ainda com Brad Pitt e um príncipe norueguês à sua frente, Sócrates deve sentir-se satisfeito por bater em elegância nomes como Jude Law, o Príncipe Carlos ou até o presidente francês Sarkozy. Há que referir no entanto, a bem da verdade, que o "El Mundo" terá falhado ao não incluir o meu próprio nome na lista das escolhas possíveis, o que compromete irremediavelmente a credibilidade desta votação. E também o resultado final, claro, naturalmente injusto nestas circunstâncias.

 

04
Dez08

Do amor, já se sabe.

Rui Vasco Neto

Um só olhar foi bastante

e o mundo, no mesmo instante,

ficou digno de se ver;

nos teus olhos, de relance,

li a história de um romance

acabado de escrever

 

 

Sem um gesto, sem um passo,

ficámos naquele abraço,

incapazes de um adeus

qualquer dos dois encantado

eu nos teus olhos deitado

e tu deitada nos meus

 

 

Mas como bem diz o povo

não há mal que sempre dure

nem há bem que não se acabe;

se falhar não será novo,

talvez só quem não procure

encontre o amor, já se sabe.

  

04
Dez08

Eles andam aí

Rui Vasco Neto

Hoje é dia 4 de Dezembro. Hoje faz anos, vinte e oito, que mataram Francisco Sá Carneiro, um dos melhores que esta nossa terra viu nascer. Para mais tarde o ver morrer, duas vezes, uma às mãos de criminosos sem nome nem rosto e outra na memória da Justiça portuguesa, que cedo quis apagar a recordação desta chacina para salvaguarda dos interesses dos tais sem cara nem vergonha. Hoje é dia 4 de Dezembro de 2008. Hoje faz anos que mataram Francisco Sá Carneiro, Snu Abecassis, Patrício Gouveia, Adelino e Manuela Amaro da Costa. Um crime que pemanece um segredo dos passos perdidos. Os assassinos continuam entre nós.

04
Dez08

Lagoa

Rui Vasco Neto

Ora então aqui vamos nós outra vez, seguindo viagem pelos caminhos da minha ilha e guiados pela prosa superior do meu amigo Daniel de Sá. É dia de festa cá na casa, que o caso não é para menos: estamos vivos e ainda temos passeio, bem bom que assim é. Começámos aqui, lembram-se? Depois passámos por aqui e fizemos paragem mais prolongada aqui, da última vez, enquanto mestre Daniel recuperava o fôlego para continuar a jornada que as pernitas já não serão o que eram, digo eu que me queixo do mesmo. E hoje lá vamos cantando e rindo, salvo seja, com mais esta crónica recheda de imagens de sonho para mais tarde recordar. É São Miguel que assim se vai revelando, passo a passo, nas palavras de um dos seus filhos mais dedicados. E orgulhoso da subida honra de ser grão desta areia, tal como eu. Não é para todos. 

Em baixo: "Lagoa"

Sete vidas mais uma: Daniel de Sá

 

 

O viajante pensa que, se a Lagoa fosse um reino, a Caloura seria a sua jóia da coroa. Jóia deste concelho que poderia parecer destinado a ter pouca importância. Porque a Lagoa está praticamente na periferia de Ponta Delgada. Que, à medida da ilha, é um centro urbano capaz de tornar em satélites as povoações vizinhas.  Mas esta vila não se deixou arrastar pela força de gravidade da maior urbe do arquipélago. Criou a sua vida própria. A sua indústria foi sempre activa e inovadora. Mesmo quando não pretendeu mais do que ser utilitária, com a sua loiça de barro ou a sua fábrica de papel de materiais reciclados.

 

É uma vila onde o viajante gosta de passar e de estar. Sem a asfixia das grandes pressas. Para contemplar o recorte da costa ou o desenho das ruas e a claridade do seu urbanismo.

 

O viajante ia já dizer que o concelho da Lagoa tem de particular ser o único nos Açores com duas vilas, mas lembrou-se a tempo de que no da Calheta, em São Jorge, há a do Topo. Caminhando para nascente, encontra-se a outra, a de Água de Pau. Ambas antigas, mas esta ainda mais antiga do que a sede do concelho. Depois de um período de grande desenvolvimento, Água de Pau não resistiu à falta de recursos, e o seu município foi extinto. Mas conservou, e até como que readquiriu, a dignidade da sua nobreza. Que é também uma nobreza de carácter. É que um povoado tem carácter. Que reflecte a maneira de ser da sua gente. Também nesta há cantos e recantos a ver devagar. Por onde dá gosto vaguear. É a Água de Pau que pertence a tal jóia da coroa. A Caloura. Uma paisagem que muda de repente, como se não fosse parte da mesma ilha.

 

O viajante gostaria de poder escrever de maneira a que nem sequer se desse pelas palavras. Como a música de um violino em que não se ouve o som do arco nem dos dedos a saltitar nas cordas. Ou como uma toalha de linho branco, sem desenhos nem bordados, lisa, que pareça estar na mesa apenas para realçar a baixela. Ao viajante fascina sobretudo o porto, cheio de esmagadoras memórias da lava que criou aquele espaço de surpresas. E que tem ao lado o primeiro convento de freiras que houve nos Açores. Aonde foi parar a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Segundo consta da lenda, vindo pelo mar, náufrago não se sabe onde nem como. Ou, segundo conta a história, e talvez de modo tão lendário como a própria lenda, oferecido pelo Papa Paulo III a duas jovens que teriam ido a Roma pedir autorização para fundar o mosteiro. Muito perto, apenas separados por muros de pedra sobre pedra, o como que impossível museu de arte do Centro Cultural da Caloura..

 

O viajante expôs a toalha lisa do linho rústico das suas palavras. E o banquete está pronto para os olhos. Desde que se entra no concelho, pela Lagoa, até que se sai, pela Ribeira Chã. Ou no sentido contrário. Uma viagem que apetece fazer olhando para trás, vendo a paisagem crescer.

 

03
Dez08

E se alguém lhe oferecer flores... olhe, sei lá, tenha paciência.

Rui Vasco Neto

Já lá vão uns bons anitos desde que escrevi este poema. Cerca de vinte, creio, mais ano menos semana, mais dia menos mês. Recordo-me de o ter escrito por alguém que enfrentava uma profunda crise de desânimo e desalento nos seus dias, naquela altura, dias de tristeza e de infelicidade que eu acompanhei passo a passo, lado a lado, cumprindo não menos que os mínimos que é legítimo esperar de um Amigo. E lembro-me que a crise passou e levou com ela a tristeza e a infelicidade, toda aquela escuridão que não deixava ver o caminho que estava afinal logo ali, mesmo em frente do nariz. Pois mal a névoa se dissipou, na alma, o corpo seguiu viagem sem dificuldade e recuperou a vida que lhe pertencia, com passo seguro. Naturalmente. Porque toda a tristeza tem um fim se a gente quiser. Toda. E a gente só tem é que querer, certo? Certo. 

 

 

Olha minha amiga a vida é boa

calma que a tormenta vai passar

espera pela manhã que o tempo voa

e há sempre um sol

por quem esperar

 

Olha-te no espelho da verdade

pára para pensar, pés bem no chão

força, muita força na vontade

e muita fé nos dias que virão.

 

Pisa com cautela este caminho

vais passar aqui só uma vez

trata cada erro com carinho

está para nascer

quem não os fez

 

Bebe até cair se te conforta

ganha e joga tudo até perder

grita, barafusta e bate a porta

mas não te canses nunca de viver

 

Olha minha amiga eu estou presente

para te dar a mão no que puder

e ao teu lado eu também sigo em frente

tal como tu,

sempre a aprender

 

E se a dor que hoje te magoa

escolher o meu peito para morar

diz-me "olha amigo a vida é boa

tem calma que a tormenta vai passar"

 


(tema original, incluído no CD 'Vidas', 2004, ed. Ovação)

 

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