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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

More than meets the eye

Sete Vidas Como os gatos

13
Abr09

Distância, precisa-se.

Rui Vasco Neto

"O passado é um país distante", diz a canção. Pois o meu mais parece ali Ayamonte, este passado que mora aqui tão a meu lado, aqui tão perto afinal, que às vezes (muitas como hoje) julgo viver na raia deste meu tempo, privado dessa distância para me proteger, menos até dos outros que de mim. E esse é o meu presente, fraca oferta, de resto.

 

"O passado é um país distante", garante o poeta. E eu, que até queria muito acreditar que assim é, dou então por mim a pisar chão estrangeiro com a frequência escusada de cada memória, no embalo de cada recordação e por mero vício de sofrer, chego a concluir. Ora digam-me lá se não é de louco este viver, se não é pateta este sentir! Porque o passado é um país distante, claro, longínquo, mesmo, mas só se nós assim o decidirmos, firmes, com aquela firmeza que resulta no único garante de independência para a permanente invasão de culpas que a consciência permite que aconteça, fraca guarda fronteiriça que mostra ser, a pobre. Só assim o passado é um país distante, que apetece revisitar de quando em vez. Só assim. Mas só, mesmo. Assim, no fundo.

 

11
Abr09

Bem explicadinho

Rui Vasco Neto

Uma santa Páscoa para todos, são os meus votos sinceros. Com amêndoas doces, evidentemente, ovos de chocolate e folares e todas essas coisas boas de ter e de comer, claro que sim. Mas eu refiro-me às coisas boas do coração, aquelas que vos desejo em dobro. Porque só essas poderão emprestar um toque de santidade à Páscoa de todos nós. O resto é blague, facécia, chiste de chacha. Coisas que se dizem porque é costume. Por isso vamos lá outra vez, do princípio e do coração: uma santa Páscoa para todos, são os meus votos sinceros. Ouviram agora?

10
Abr09

Pssst

Rui Vasco Neto

Morreu o coronel Aventino Teixeira, soube há poucos minutos, aqui. A meio de um dia de sol, vejam só, coisa mais absurda quando é um pedaço da minha noite que se vai, enfim, fisicamente. Sim, da minha noite, da noite a que pertencia o Aventino, essa mesma onde se dão estas notícias e não a meio de um dia de sol, caramba, fica tudo um despropósito, nada tem sentido, de repente. O choque tem contexto, tem enquadramento, vejamos. 

 

Nunca tive qualquer intimidade com o coronel Aventino Teixeira, a quem devo a amabilidade de me reconhecer e cumprimentar nas poucas vezes que nos cruzámos em público, entre quinhentos outros de circunstância e registo profissional. Mas o homem e as histórias da sua vida pertencem à minha vida há muitos, muitos anos, guardo-as para mim e conheço-as como poucos, muito poucos, porque as ouvi vezes sem conta em confidência e com muita atenção, mais: com muita vontade de ouvir e aprender. Primeiro à distância, já de calças compridas mas verdinho, verdinho que era um gosto, vejo agora. Ele terá visto na altura, claro, mas foi sempre paciente comigo como um tio e educado como um senhor que era, como poucos que conheci.

 

O tempo fez o resto. Já não peço um conto por cada noite no Procópio ou nos muitos outros balcões da boémia alfacinha onde aprendi a vida da boca do Aventino e seus pares. Antes bebo um copo por todas, em honra daquela figura ímpar que eu conheci há trinta anos atrás, lembro-me exactamente onde e como, quase que cada palavra dita na circunstância daquela noite. E depois muitas outras, muitas e muitas e muitas que revelaram o homem, que também era coronel e tudo, um militar de Abril, pá! Tantas noites, meu amigo. E agora foi-se, olha, é a vida. Está sol, é dia, hoje é quê? Abril? Dez, é? Merda, morreu o Aventino, pá. Morreu o Aventino.

09
Abr09

S-o-l-i-d-a-r-i-e-d-a-d-e

Rui Vasco Neto

Há um apelo directo à blogosfera aqui, tudo bem explicadinho por quem se chegou à frente e começou a soletrar s-o-l-i-d-a-r-i-e-d-a-d-e em html sem esperar pelos outros. Por respeito a quem o fez (e tão bem) eu cá limito-me a fazer a minha parte, como outros já o fizeram também, no eco desse justíssimo apelo. Plágios? Não obrigado. A criação artística, toda ela, é preciosa e tem um só dono, o seu criador. Como diz um criativo meu amigo, "se eu der a única coisa que tenho para vender, vivo de quê"? Jonas, clap, clap. Rosa, oxalá tudo se resolva. É raro, mas de vez em quando até os tribunais fazem justiça.

09
Abr09

Ou vai ou racha, Portugal.

Rui Vasco Neto

Numa iniciativa que só peca por tardia, o governo aprovou esta quinta-feira uma proposta de autorização referente ao regime de reabilitação urbana, prevendo em casos extremos situações em que os proprietários serão forçados a vender ou arrendar os seus imóveis, ou a fazer obras coercivas. É a medida que faltava para pôr um ponto final na pouca ou nenhuma vergonha de alguns senhorios, não tão poucos como tudo isso, que deixam cair os seus imóveis pedra por pedra na rua, na cabeça de quem passa ou nos carros estacionados,em muitos dos bairros históricos das nossas principais cidades, Lisboa à cabeça, claro. Exagero meu, dirão alguns. Factos, respondo eu, que vi acontecer. Há menos de um mês, na Rua Visconde de Juromenha, à Penha de França, onde um eifício propriedade de um médico geriatra (um tal Dr.Canova Xavier, já célebre no bairro pela avareza criminosa com que trata imóveis e inquilinos e pela estranha impunidade que goza na CML há anos e anos) se vai esboroando aos poucos de dá duas décadas a esta parte, pedrinha por pedrinha, nos quintais das traseiras. Pois agora foi na frente do prédio, onde um bloco de alvenaria caiu em cima de um carro estacionado. Foi preciso ir à polícia, claro, que o bom doutor só na ponta de sabre é que se descose com qualquer tipo de obra no seu imóvel. Mas escoltado pela PSP lá se dispôs não só a pagar os estragos como a mandar rebocar a fachada do prédio para evitar o pior, para ele. Assim fez, picando toda a frontaria. Mas os blocos de pedra, rachados e em periclitante equilíbrio, lá se mantêm no alto para quem quiser ver, à espera de alguém que passe e não os veja, leve com eles. Não será o bom doutor, certamente, que esse não mora por lá, só recebe as rendas.

 

Terá sido a pensar nestes casos que o governo aprovou hoje a tal proposta de reabilitação urbana que dará por certo ainda muito que falar, nomeadamente em relação a uma possível inconstitucionalidade, esperança derradeira dos senhorios do tipo deste Dr.Canova Xavier que não deixarão de estrebuchar o quanto o seu poder de compra de vontades o permitir. Uma hipótese que parece para já afastada nas palavras do executivo. «Não haverá qualquer inconstitucionalidade neste diploma. O Governo não cometeria um erro tão crasso», declarou o ministro do Ambiente, quando interrogado sobre o novo regime de obrigações a que estarão sujeitos os proprietários com este novo diploma de reabilitação urbana. «O regime estabelecido para o sistema de venda forçada aproxima-se e é totalmente compaginável - talvez com algum benefício acrescido em relação aos direitos dos proprietários - com o que é actualmente praticado relativamente à expropriação. A venda forçada é uma forma de expropriação não a favor da entidade expropriante, mas a favor de quem se comprometa a fazer aquilo que há a fazer para a reabilitação urbana», sustentou Nunes Correia.

 

Eu cá bato palmas, não o escondo, a bem da grossa fatia do nosso património urbano que continua abandonada às mãos de proprietários irresponsáveis, especuladores gulosos que se alimentam da carniça dos seus inquilinos, na sua esmagadora maioria velhos com reformas de miséria e sem poder de protesto que chegue a incomodar o ouvido, quanto mais a carteira desta gente. Vamos ver o que acontece. Mas tenho cá para mim que mais depressa vejo cair o resto daquele prédio, por exemplo, que nele acontecerem as obras que o manteriam de pé.

06
Abr09

E é fartar, vilanagem!!

Rui Vasco Neto

As chamadas para o serviço de apoio a clientes das operadoras de telefones móveis passaram a ser pagas, em mais uma medida que faz parte da estratégia das operadoras nacionais para sacar o máximo de tostões aos seus clientes, mesmo que para tal tenham que recorrer ao atropelo dos seus direitos e da própria legalidade, meras minudências à vista do lucro fácil que a esperteza vai garantindo. Agora a TMN e a Vodafone já estão a cobrar 20 cêntimos por cada chamada feita para o apoio ao cliente, enquanto a Optimus deverá passar a fazê-lo em breve. Na prática representa uma maneira habilidosa de lucrar com a própria incompetência. Quanto mais problemas os serviços derem, mais as pessoas ligam a pedir o apoio deste serviço que só as operadoras podem prestar e que não negam. Pagando, evidentemente. Ou seja, quanto mais incompetência, maior o lucro. Nem precisam de promover este novo serviço, as operadoras, que as asneiras que fazem nos outros serviços todos garantem antecipadamente o sucesso deste novo produto. É de génio, reconheça-se. Os otários somos nós.

 

Os subscritores das duas redes móveis que já cobram pelo serviço queixam-se de que não foram avisados da mudança, embora as operadoras garantam que avisaram os clientes. Coisa que de facto não fizeram, nem desta vez nem desta outra de que há poucos dias falávamos aqui no 7Vidas, revelando assim o imenso desprezo que nutrem pelos direitos do público pagante que tudo aceita, tudo paga sem bufar. O termo é 'roubalheira', não me ocorre um outro mais adequado de momento. E assim vai ficando Portugal, de olhos postos em Ali Baba mas deixando campo livre aos bem mais de quarenta que por cá somam e seguem, sem risco de maior, neste novo tipo de marosca que está nem dentro nem fora da lei, apenas uns passitos à frente dela. Bem visto, não? Está cada vez menos um país decente, esta nossa terra. Cada vez mais um sítio mal frequentado.

05
Abr09

Justiça, essa notícia

Rui Vasco Neto

'O Ministério da Justiça afirma que não fez' não sei o quê, parece que nunca pressionou magistrados ou lá o que foi que não fez, diz a notícia. A questão não é essa, digo eu. A questão é que se não fez não é notícia, pelo que a notícia acaba por estar no dizer que não fez. Ou seja, a notícia é a não notícia. Algo que não aconteceu, supostamente. Pressionar, pressionar, isso o Ministério não fez, diz. Agora o que o Ministério fez, de facto, foi dizer que não fez, esclarecer, afirmar, garantir, enfim, jurar por escrito e a cores que não senhor, nunca lhe passou pelas cabeças pressionar os senhores magistrados do caso Freeport, isso não fez e não fez e não fez, palavra de honra que não fez. Não fez e pronto, assinado Justiça. Só então a notícia, essa, pôde finalmente acontecer.

05
Abr09

That's entertainment, folks!!

Rui Vasco Neto

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