Lembra-te: teremos sempre Paris!
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... vamos a votos.
Henrique Monteiro (who else?) chamou a este seu trabalho 'O despencar técnico', vá-se lá perceber porquê. E eu gostei, confesso, gostei tanto que fui lá de noite e zumba, vi os outros mas trouxe este comigo para pendurar na parede aqui da sala. Com a devida vénia ao Henrique, evidentemente.
Aqui d'el Rei que os votos pagam-se em notas nas eleições internas do PSD!! Chamem alguém, porra!, alguém que faça alguma coisa que isto é um escândalo, um ultraje, uma coisa inimaginável, claro, eu cá não sabia de nada, não vi nada, não nada, nem eu nem ninguém, acho, muito menos os senhores da direcção do partido, senhoras igual, que não têm sequer tempo para andar lá a preocupar-se com as minudências do aparelho. Para isso é que existem os homens de confiança (a expressão diz tudo, explica-se bem), sempre foi assim e sempre assim continuará a ser. Isto dizem, atenção, porque eu cá não sei de nada, não vi nada, não nada, as pessoas é que dizem. E pronto.
O que desta vez faz a notícia não é portanto o que se diz mas sim existir quem muito insista não só em dizê-lo como ainda em dar a cara pelo que afirma, seja lá por que razões o faça e passe algum despeito pessoal que possa até existir. E aí a notícia torna-se incontornável, difícil de evitar com um, dois ou mesmo cem telefonemas. Fica fora de controle. Enfim, resolve-se, claro, tudo se resolve. Mas para já o palco está tomado por esta senhora, Irene Lopes, uma verdadeira dor de cabeça para o partido a que se diz ligada desde os anos 70 e que agora põe em causa com precisão cirúrgica em vésperas eleitorais. Mostrando um conhecimento prático da estrutura do aparelho laranja, Irene está ali para acusar, pôr a boca no trombone, chibar, entregar, chamem-lhe o que quiserem, o facto é que esta mulher está ali para fazer estragos dizendo o que sabe sobre situações de todos os dias da vida partidária (só do PSD?) com as quais pactuou até deixar de o fazer e decidir contar a toda a gente. E é a aparente circunstância de apenas precisar de dizer a verdade para o conseguir que faz dela a notícia, mais do que o facto de haver gente que paga em notas o voto de gente que delas precisa, para que as pessoas certas sejam eleitas para cargos partidários de importância decisiva na prática política da nação, ora na oposição, ora no governo. Porque essa parte eu cá não sabia, nem eu nem ninguém lá no partido, de certeza absoluta. Pois se ainda nem sequer veio nos jornais!
Até que apareceu Irene.
Pois, aconteceu exactamente aquilo que eu previa, nem mais nem menos: no prime time da entrevista ao gato fedorento, Paulo Portas teve esta noite o grande momento da sua campanha, quiçá da sua presente circunstância política, aproveitando uma oportunidade que mais parece ter sido feita para si, criada à sua medida e logo à partida beneficiando da insuspeita boleia do tratamento igual para todos os candidatos. Só que Portas não é Manuela, tão pouco Jerónimo, Louçã ou mesmo Sócrates, Portas é Portas, o mestre, iluminado, aquele que domina como poucos a arte da comunicação com especialização crescente em todo-o-terreno e circunstâncias radicais. E isto é um facto. Goste-se ou não do homem, Paulo Portas é um comunicador genial. O que aconteceu esta noite na SIC foi um delírio de taco-a-taco, um grande momento de televisão inteligente, coisa rara nos dias que correm. Ricardo Araújo Pereira foi o compére perfeito de quem fez o mesmo por ele com competência e génio, logo o resultado só podia ter sido o que foi: o espectáculo da inteligência num grande, grande momento de televisão. Que vai valer muitos votos a Paulo Portas, claro, que esse não dá ponto sem nó.
Aprendo na TVI que o famoso Ponto G se situa 'na parede de trás da vagina', 'a cerca de três centímetros adentro' do orifício vaginal e que não é um ponto mas sim uma 'zona circular com o diâmetro de uma moeda de vinte cêntimos', moeda essa que a reportagem serve demoradamente e em grande plano ao repasto imaginativo do país, para ilustrar a locução. Aprendo assim que aquela é a materialização possível do mais delicioso mistério feminino, para mim, a cara e coroa do verdadeiro motor desse imenso e insondável universo que comanda o mundo de facto, aconchegado na protecção fálica que vai permitindo ao poder por puro gozo e característico maquiavelismo. Faz tudo parte do encanto, digo eu, é o menu do encantamento. Sem reclamações por aí.
Pois agora a TVI informa que já é possível encontrar e estimular o Ponto G por processos terapêuticos, uma alegria que se consegue pagando, evidentemente, não sei quantos mil euros, muitos, eu cá não prestei atenção a essa parte por razões óbvias e também porque já tinha as ideias à desfilada pelos novos caminhos que se agora se abrem ao conhecimento de todos nós, enfim, de alguns mais virados para o assunto, digamos assim. É que eu por exemplo estou curioso, estou mais e pior: dava tudo para saber como irão os Zés do meu país tratar esta nova informação sobre as Marias em geral, as suas em particular, que importância lhe vão dar a partir de agora, sobretudo na intimidade. Só espero que a rapaziada tenha ouvido bem a reportagem, mais que visto, ou à conta da habitual boçalidade nacional aquela história da moeda de 20 cêntimos ainda vai dar muita anedota com mealheiros pelas tascas da nação, suspeito. É cá um pressentimento que eu tenho.
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