Uma questão de leitura?
Há quatro deputados ao parlamento nacional cujas identidades ficarão hoje finalmente apuradas, depois de conferidos os votos dos emigrantes que hoje são anunciados em Lisboa. São quatro nomes importantes, muito importantes mesmo, para o equilíbrio de poder que terá de ser negociado diariamente, no hemiciclo de S.Bento, por um Sócrates refém da nega popular à desejada maioria absoluta e por isso mesmo obrigado a estender a mão às mãos que para si se estendem sempre, ávidas de poder sempre. Daí que esses quatro deputados sejam absolutamente decisivos, nesta altura. As suas identidades ainda não são conhecidas, à hora em que vos escrevo estas linhas, mas há um dado que já é sabido e que, não sendo surpresa total, constitui uma preciosa indicação sobre o estado de espírito deste eleitorado emigrado: os valores da abstenção. Que são os mais elevados de sempre, adianto, chegando aos 92%!!!! no círculo fora da Europa e atingindo os 78% no círculo europeu. Eu vou repetir, mas não há engano: são 92%, noventa e dois por cento de abstenções, ou seja: 92% dos possíveis votantes abstiveram-se de o fazer, abriram mão desse seu direito, enfim, ou não sentiram essa sua obrigação, como queiram, pode ler-se das duas maneiras. Mas quantas leituras existirão para justificar estes 92% de abstenções, não me dizem?