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Sete Vidas Como os gatos

More than meets the eye

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Sete Vidas Como os gatos

31
Jul11

Depois do homem que mordeu o cão...

Rui Vasco Neto

... temos o cão que mordeu o tubarão. Inacreditável? Sem dúvida, mas uma realidade registada em video e tudo. Só visto, aqui.

 

nota pós publicação: É de registar que o tubarão foi mordido mas sobreviveu. E mais, e melhor: o tubarão andava na blogosfera quando este post foi publicado. É verdade sim senhor. E tal como temos o video a provar a dentada, temos também prova do tubarão na bloga pelo rasto que deixou aqui mesmo, nos comentários a este post... três minutos após publicação. Irra, mordido mas atento!

Bem bom que este é amigo... welcome back, shark!

31
Jul11

Bom dia. É hoje, é hoje!!!

Rui Vasco Neto

Foi há bem pouco tempo que se falou aqui dos Dias Mundiais deste mundo e da imensa hipocrisia que, regra geral, acompanha esse tipo de efeméride. É que vem o dia mundial da árvore e toda a gente ama a natureza, vem o dia mundial da SIDA e toda a gente esquece o preconceito, vem o dia mundial da música e pótchim tchipum pótchim, vira o disco e toca o mesmo. E eu na minha, a ver a banda passar e o povo a bater palminhas ao que se recorda hoje para logo esquecer amanhã. E hoje calha a vez ao Dia Mundial do Orgasmo, os senhores acreditam? Se não acreditarem eu compreendo, afinal orgasmos e mentiras confundem-se tantas vezes e há tanto tempo que haverá muito boa gente que certamente reconhecerá o nome mas só de ouvir falar... porque falar sim, fala-se muito. Nos dias que correm o que sobra é informação sobre aquilo que a prática não reconhece, talvez por falta de prática, na maioria dos casos. Veja-se o caso do famoso ponto G, por exemplo, que ainda recentemente aprendemos(?) situar-se 'na parede de trás da vagina, a cerca de três centímetros adentro' do orifício vaginal e que não é um ponto mas sim uma 'zona circular com o diâmetro de uma moeda de vinte cêntimos'... Pfff, e então? Será uma informação preciosa(?) para quem saiba o que fazer com ela, ou pelo menos para quem queira aprender mais sobre como lidar com esse eterno mistério que é o universo feminino, melhorando assim substancialmente as ralações entre lençóis, talvez. Temos então assim que informação não falta, ou seja, que não será por falta de se falar no assunto que eles não aprendem de uma vez por todas a lidar com elas... aliás é tanta a informação que anda no ar que agora até existe um Dia Mundial do Orgasmo, para que pelo menos uma vez por ano as pobres possam vislumbrar o funcionário da panificação tradicionalmente desaparecido em combate.

E é hoje, pessoal, é hoje. É hoje!!!

30
Jul11

Boga ou Beluga?

Rui Vasco Neto

 

A notícia foi notícia há quinze dias atrás, pelo que fresca já não será, propriamente. Mas continua a ser um bom exemplo do grande mistério nacional que é esta extraordinária capacidade que o meu povo tem de engolir toda a boga que lhe é impingida como ova do mais fino esturjão e ainda bater palmas no final do embuste, por entre arrotinhos de gratidão. Reza então assim, esta notícia que é um teste, um desafio à credulidade do indígena: «Uma sondagem da Aximage revela que 45% dos inquiridos considera boa a decisão do Governo em aplicar um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal». Dá para acreditar? A mim custa-me, confesso... e não, não acredito, nada a fazer. Mas e você, que me diz? Será possível, Portugal?

27
Jul11

O que diz o senhor da fotografia

Rui Vasco Neto

 

Este senhor da fotografia é Mario Borghezio, um eurodeputado eleito pela Liga Norte, partido aliado de Silvio Berlusconi, que hoje disse simpatizar com algumas das ideias do terrorista norueguês Anders Breivik, em declarações feitas a uma rádio italiana. "Algumas das ideias que exprime são boas, retirando a violência, e algumas delas são excelentes", afirmou. Assim como quem diz que gosta muito de pastéis de bacalhau, retirando o bacalhau, naturalmente. Ou de gemadas, retirando os ovos, claro.

 

A acreditar no senhor da fotografia ficará tudo muito bom, talvez excelente. Eu não sei, será questão de gosto mas dou por mim a achar que o senhor da fotografia ficou muito mal na fotografia quando abriu a boca para a opinião alarve. Para a opinião que é alarve na minha opinião, atenção, haverá quem ache que sim, haverá quem ache que não... e bastaria embalar um nadita no raciocínio e de repente todo o episódio se deixaria resumir a este opinar desconforme, apenas mais um diz-que-disse da política partidária, por acaso italiana. Podia ser assim. E assim será sem dúvida para todos aqueles que vão depreciar o desconchavo de Mario Borghezio e arrumar rapidamente o episódio na folha do esquecimento, por conveniência política, má fé ou estupidez. "Algumas das ideias que exprime são boas, retirando a violência, e algumas delas são excelentes"? Vale o que vale, apenas mais um sound byte entre tantos outros, nada mais. Nada mais?

 

Podia ser assim, de facto, podia ser só isto e nada mais, e tudo na vida podia ser bonito e cor de rosa como seria o mundo de Alice sem a Rainha de Copas. Podia, mas não é. E só o facto do senhor Borghezio ter posto Anders Breivik na fotografia e ainda ter oferecido um enquadramento político-aceitável para as opiniões expressas no seu manifesto parece-me deveras preocupante, confesso. Em termos sociais, se é que me faço entender. Não por consequência factual imediata, que imagino nula ou quase... e o senhor Borghezio parece-me perfeitamente capaz de dizer mais disparates que façam esquecer este em particular, também por aí não vejo problema de maior. Onde eu vejo problema sério é num eventual efeito de libertação prolongada que esta afirmação possa ter para emprestar uma falsa decência ao acordo tácito de políticos em aceitar um diálogo político que traga de reserva um recurso à bomba, opcional e condenado apenas em princípio. Mas aceite, enfim. Publicitar simpatia pessoal e concordância ideológica com as opiniões de Anders Breivik, mesmo numa utópica versão não violenta, é introduzir na opinião pública aquilo que pode soar como oferta de legitimidade e aceitação aos ouvidos de todos os potenciais Anders Breivik deste mundo louco em que vivemos, conforme prova a primeira página de qualquer jornal norueguês dos últimos dias. E é isso que me parece grave no dislate proferido por este Mario Borghezio, o senhor eurodeputado e retratado imbecil desta fotografia. Só isso, nada mais.

27
Jul11

Régio dixit... e bem.

Rui Vasco Neto

 


Sim, foi por mim que gritei.
declamei,
atirei frases em volta.
...cego de angústia e de revolta.

 

Foi em meu nome que fiz, 

a carvão, a sangue, a giz,
sátiras e epigramas nas paredes
que não vi serem necessárias e vós vedes.

 

Foi quando compreendi
que nada me dariam do infinito que pedi,
que ergui mais alto o meu grito 

e pedi mais infinito!

 

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
eis a razão das épi trági-cómicas empresas
que, sem rumo,
levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

 

O que buscava
era, como qualquer, ter o que desejava.
febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

 

Que só por me ser vedado
sair deste meu ser formal e condenado,
erigi contra os céus o meu imenso Engano
de tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

 

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
procurei fugir de mim,
mas sei que sou meu exclusivo fim.

 

Sofro, assim, pelo que sou,
sofro por este chão que aos pés se me pegou,
sofro por não poder fugir.
sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

 

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
quieto, maniatado, iluminado.

 

Se os gestos e as palavras que sonhei,
nunca os usei nem usarei,
se nada do que levo a efeito vale,
que eu me não mova! que eu não fale!

 

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
era por um de nós. E assim,
neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
lutava um homem pela humanidade.

 

Mas o meu sonho megalómano é maior
do que a própria imensa dor
de compreender como é egoísta 

a minha máxima conquista...

 

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros, 

e o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á, 

e sobre mim de novo descerá...

 

Sim, descerá da tua mão compadecida,
meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida. 

e uma terra sem flor e uma pedra sem nome
saciarão a minha fome.


José Régio (Poema do Silêncio)

26
Jul11

Viver a morte

Rui Vasco Neto
24
Jul11

Sem palavras

Rui Vasco Neto

 

 

Fica entretanto por saber se houve vencedor deste mórbido passatempo, «Predict Amy's dead and win a Ipod touch», on line desde Maio de 2007, pelo menos, e que oferecia um Ipod a quem acertasse no dia e hora da morte de Amy Winehouse, algo dado já na altura como sendo para muito breve face aos indicadores de comportamento da cantora britânica: «We’ll all have a date with our maker someday, but Amy Winehouse just can’t seem to wait.», explicam os criadores deste concurso imbecil. O pequeno texto introdutório vai ainda mais longe na ironia mordaz, «for some reason Amy has landed in a self-destruction derby. It is even rumoured that Amy and Pete are keeping the Colombian economy going»para terminar com esta pérola, absolutamente imbatível: «Guess her final breath and be crowned Mr. Or Mrs. Death»  Se por um lado a página vale o que vale enquanto passatempo, tem por outro lado uma impressionante sequência fotográfica com instantâneos da cantora que nos ajudam a perceber o caminho pisado pela jovem até ao trágico desfecho de ontem. Sem palavras, só a mágoa em imagens.

24
Jul11

E pronto, caiu.

Rui Vasco Neto

Foi estrela cintilante na constelação da pop mundial. Rara. Excessiva. Brilhante. Amy Winehouse apagou-se ontem, aos 27 anos de idade, a mesma idade fatídica com que morreram Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones, Jimmy Hendrix e Janis Joplin, cinco nomes lendários para cinco vidas excessivas, cinco existências igualmente marcadas pela genialidade e pela tragédia. Pelo abuso do álcool e das drogas, também. E pela morte precoce, após uns escassos 27 anos de vida e depois de maravilharem o mundo com o seu talento, imorredouro nos registos que nos deixaram. Amy Winehouse foi como eles uma estrela maior, é certo, mas uma estrela sempre cadente, até mesmo no auge. E mais, e pior: tão progressivamente decadente (e a uma tal velocidade) que a notícia do seu fim acaba por pouco espantar, como se um final trágico fosse o único culminar aceitável na performance desta artista... e a dor da separação um encanto para saborear, entre os fãs.

 Em 2007 Amy Winehouse recebia seis indicações para os Grammy's, incluindo as quatro principais (Revelação do Ano, Álbum do Ano, Gravação do Ano e Música do Ano), se bem se recordam. Acabou rainha da noite, contemplada com cinco estatuetas numa cerimónia realizada em Los Angeles e a que Amy não pôde assistir por lhe ter sido recusado o visto de entrada nos EUA, em função do seu comportamento habitualmente escandaloso. Foi por essa altura que escrevi este texto, de onde retirei agora estas palavras dedicadas à estrela da noite, estrela maior, extravagante, genial. 

A mesma estrela que ontem, de tão cadente, caiu.

 

"Aos ouvidos de Amy sopram agora as mesmas vozes que sempre se encontram ao redor de um vencedor, os que dizem só o que sabem ser do agrado de quem ouve, sem risco de contraditório. Take it for granted, dir-lhe-ão. E ela vai gostar de ouvir, pelo que if they want to send me for rehab I'll say no, no, no... Em volta de uma Amy já em desequilíbrio estão agora os pesos mortos, rapaziada do elogio, pessoal da lingua no coiso, mestres da graxa e sugadores de luxo em qualquer palhinha que se ponha a jeito. O peso de todos, num equilíbrio já de si precário, fará cair o chão e desabar o tecto do sucesso. Depois pôr-se-ão a milhas. E só na solidão do abandono das sanguessugas e dos cínicos, dos lacaios e dos bobos, dos falsos e dos merdas, é que Amy Winehouse vai encontrar um dia o seu caminho da glória. Ou não, quem sabe fica pelo caminho, como tantos outros fenómenos que não se souberam gerir enquanto tal. Que só deram pelo valor do seu talento quando já toda a gente tinha secado as lágrimas por este se ter suicidado. Será uma pena se assim for também com esta garota, pouco mais, brinquedo nas mãos das bruxas que batem palmas ao petisco da rentável novidade. E que querem tanto rehab como ela, alucinada. Amy Winehouse sem drogas? Podia até ser engraçado, mas não vendia. Amy é mais que a pessoa que canta, é o boneco escandaloso que pisca o olho à moda, que é quem paga as contas. Do encanto do espectáculo faz parte a sua própria degradação, que o público paga para ver como quem vai ao circo ver o leão comer o prior, neste moderno freak-show global.

Amy Winehouse é um fenómeno da pop, uma genuína alma de artista perdida numa embalagem de sofrimento e desespero. Uma voz de timbre único, uma sensibilidade selvagem e um ritmo original, próprio, inventado, criado, seu de berço. Uma eleita, inocente dessa culpa. O que ela tem que a faz genial ela não domina, não compreende, não vê e não valoriza. Para ela, tal como está, a felicidade ainda mora no nevoeiro e o amanhã não existe. Aos 24 anos, Amy segue em rota de colisão com o seu próprio futuro, embalada na asneira por não conseguir chegar com o pé ao travão da maturidade. A noite de ontem, ao carregá-la com mais cinco pesos de estrelato, só chamou mais gente para ajudar a empurrar a tragédia. Só deu velocidade ao inevitável, suspeito. Porque o espectáculo, esse, tem que continuar sempre, custe o que custar. E custe quem custar no caminho."

 

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