Portugal sem acordo
Legisladores Impares
Pittaco em Mytilene, com cordura
livrou da tyrannia a lesbia gente,
foi Solon en Athenas egualmente
legislador de mão firme e segura.
Aqui na terra lusa tal figura
fazem agora sordida, indecente,
do povo os deputados, que somente
p’ra espedaçar carteiras teem bravura.
Em palanfrorio inutil gastam mezes,
consumindo ao paíz bom dinheirinho,
e em vez de leis dão piños entremezes.
Um qualquer rachador de sobro ou pinho
usa servir melhor os seus freguezes
sem lhes dar grande rombo no bolsinho.
(in ‘Outomnaes’ de João Patrocínio da Costa, edição de 1892,
Typographia Eduardo Roza, Sucessores)
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Sim, concedo, confirmo que concordo: salva-nos o Acordo Ortográfico, nunca pensei dizê-lo mas na circunstância é o que é, encontrei-lhe finalmente utilidade. Este paiz, a terra lusa destes versos tem 120 anos, é Portugal d’outros tempos, eram outros deputados, outro espedaçar, outros bolsinhos, outros rombos… e nada de Acordo Ortográfico, vê-se logo, é o que remove a dúvida por inteiro pois que no resto é Portugal da troika por uma pena, digo eu. Tal&qual, não?
RVN